A massagem oncológica pode proporcionar alívio sintomático da neuropatia periférica induzida pela quimioterapia (NPIQ), um efeito colateral do tratamento do câncer comum e difícil de tratar. Os resultados do estudo apresentado no 2019 Supportive Care in Oncology Symposium indicam que os pacientes sofrem uma redução sustentada da dor nos membros inferiores até seis semanas após a conclusão do tratamento com esquema intensivo de três massagens por semana.
“A neuropatia periférica induzida pela quimioterapia pode ser um sintoma desafiador de se gerenciar. Este estudo baseia-se em métodos de oncologia integrativa para melhorar a qualidade de vida dos sobreviventes de câncer”, afirma o autor do estudo, Gabriel Lopez, professor associado e diretor médico do Centro de Medicina Integrativa da Universidade do Texas, MD Anderson Cancer Center no Departamento de Medicina Integrativa, Paliativa e Reabilitação. "Essas descobertas introduzem a massagem oncológica como uma opção adicional para ajudar no controle dos sintomas e oferece novos insights sobre qual programa de tratamento de massagem pode oferecer maior benefício aos pacientes", observa.
A toxicidade a curto e longo prazo de compostos de platina e taxanos inclui o desenvolvimento de NPIQ, principalmente quando usados em altas doses ou por períodos prolongados. A condição pode ser progressiva, duradoura e irreversível.
Agora, um estudo piloto buscou investigar o cronograma ideal, incluindo o tempo de cada sessão (30 minutos), o número total (até 12) e a frequência dos tratamentos (2 versus 3 vezes por semana), e a eficácia inicial de uma técnica de massagem padronizada para o tratamento da neuropatia periférica induzida pela quimioterapia das extremidades inferiores.
O estudo incluiu pacientes com 18 anos ou mais com neuropatia nas extremidades inferiores atribuída à oxaliplatina, paclitaxel ou docetaxel sem outra história de causas atribuíveis, como história de diabetes. Como parte dos critérios de inclusão no estudo, o escore de neuropatia autorreferida dos pacientes deveria ser ≥3 em uma escala de 10 pontos. Os participantes também deveriam ter recebido o último tratamento quimioterápico a pelo menos seis meses.
Os pacientes foram randomizados em um dos quatro grupos: 1 - massagem nas extremidades inferiores 3 vezes por semana durante 4 semanas; 2 - massagem nas extremidades inferiores 2 vezes semana por 6 semanas; 3 - massagem na cabeça/pescoço/ombro (controle) 3 vezes por semana por 4 semanas; ou 4 - massagem de controle 2 vezes por semana por 6 semanas.
O protocolo incluiu o uso de uma técnica de massagem sueca, em comparação com Shiatsu, Deep Tissue ou outras técnicas de massagem, oferecidas por dois massoterapeutas oncológicos com experiência em pacientes com câncer.
A taxa de conclusão da massagem foi examinada e os sintomas da NPIQ foram avaliados com a Escala de Avaliação da Qualidade da Dor (PQAS) que varia de 0 a 10 com subescalas de dor superficial (SP), dor profunda (DP) e dor paroxística (PP). Os participantes foram avaliados no início, no final do tratamento (4 versus 6 semanas, dependendo do grupo de tratamento) e novamente no final do estudo (10 semanas).
O objetivo principal foi comparar as taxas de conclusão de dois protocolos de tratamento de massagem (duas vezes por semana durante 6 semanas versus três vezes por semana durante 4 semanas). Os objetivos secundários incluíram uma exploração da eficácia do tratamento inicial.
Resultados
A avaliação final incluiu 71 pacientes com mediana de idade de 60,3 y/o (intervalo: 40-77). Entre os participantes, 77,5% eram mulheres; 57,7% tiveram câncer de mama e 42,3% câncer gastrointestinal. Destes, o tempo médio desde o último tratamento quimioterápico neurotóxico foi superior a três anos. As taxas médias de conclusão da massagem foram de 8,9 sessões para as massagens três vezes por semana e de 9,8 sessões para as massagens duas vezes por semana, sem diferenças estatísticas.
Em relação à eficácia inicial, aqueles que fizeram massagem três vezes por semana (3X) relataram melhora estatisticamente e clinicamente significativa nos escores de dor do PQAS em comparação com aqueles que fizeram massagem duas vezes por semana (escores de mudança: PQAS-SP: -2,3 vs. -0,6, p = 0,001; PQAS-DP: -2,1 vs. -0,9 , p = 0,008; PQAS-PP: -2,3 vs. -1,0, p = 0,025). Melhoria sustentada foi observada às 10 semanas (final do estudo) no grupo 3X por semana.
“Observamos uma redução sustentada em pacientes com NPIQ a longo prazo até 6 semanas após a conclusão do tratamento para o grupo de massagem mais intensivo de 3X semanas, independentemente do local do tratamento”, afirmaram os autores. “É necessário um estudo de eficácia em larga escala para validar o papel da massagem oncológica na NPIQ”, concluíram.
Referência: Abstract #111: A pilot study of oncology massage to treat chemotherapy-induced peripheral neuropathy (CIPN) - Gabriel Lopez et al