Onconews - DUO-O: adição de durvalumabe e olaparibe mostra benefício histórico de SLP no câncer de ovário

Dados atualizados do estudo DUO-O destacados no ESMO Gynaecological Cancers Congress 2024 confirmam o benefício clínico e estatisticamente significativo de sobrevida livre de progressão (SLP) com a associação de durvalumabe (D),  olaparibe (O) e bevacizumabe (B) de manutenção após à quimioterapia (carboplatina/paclitaxel, CP) com B e D (braço 3, experimental) no câncer de ovário avançado, em pacientes com deficiência de recombinação homóloga, sem mutação BRCA comparado ao braço controle de CP+B seguido de B (braço 1). A análise final mostra que a SLP mediana foi de 45,1 meses com a combinação de CP + D + B seguido por D + B + O   de manutenção, a mais longa já observada nesses pacientes no cenário de primeira linha, com tendência favorável de sobrevida global (SG). O oncologista Eduardo Paulino (foto) analisa os resultados.

DUO-O é um estudo global, de fase 3, controlado por placebo (NCT03737643), que mostrou aumento significativo de SLP com a combinação de CP + D + B seguido de D +B + O de manutenção versus CP + B seguido por B em pacientes com deficiência de recombinação homóloga (HRD+) sem mutação BRCA (não-tBRCAm) na população por intenção de tratar (ITT) não-tBRCAm (desfecho primário; Harter JCO 2023;41:17; LBA5506).

No congresso europeu de ginecologia, os pesquisadores apresentaram análises finais de SLP e subgrupos (Braço 3 vs 1); desfechos secundários de SLP (Braço 2 vs 1; ITT não-tBRCAm) e a análise interina de SG, além do desfecho de segunda sobrevida livre de progressão (SLP2).

Foram incluídas pacientes com câncer de ovário de alto grau, recém diagnosticadas, sem mutação BRCA, submetidas à citorredução primária ou de intervalo. Após 1 ciclo de C/P e bevacizumabe, essas pacientes foram randomizadas 1:1:1 para 3 braços de tratamento, estratificadas por tempo e resultado da cirurgia citorredutora (nenhuma doença residual macroscópica após cirurgia primária inicial e todas as outras) e região geográfica (América do Norte, Europa e outras regiões), considerando: (braço 1, controle) o tratamento padrão com CP + B seguido de B manutenção; (braço 2):  CP + B + D seguido por D + B; ou (braço 3):  CP + B + D seguido por D + B + O de manutenção.

Os resultados apresentados em Proferred Session mostram que na data do segundo corte de dados (DCO2, em 18 de setembro de 2023), o benefício de SLP para o Braço 3 vs 1 foi sustentado nas populações HRD+ não-tBRCAm e ITT não-tBRCAm (Tabela), e foi consistente em todos os subgrupos pré-planejados, incluindo os fatores de estratificação. A análise interina de SG para o Braço 3 vs 1 (ITT não-tBRCAm) não foi estatisticamente significativa, mas aponta tendência favorável na população HRD+ não-tBRCAm. Em ambas as populações, a SLP2 foi superior no braço 3 vs 1 e no braço 2 vs 1 (Tabela). Os achados de segurança do DCO2 foram semelhantes ao DCO1.

“A combinação de  CP + B + D  seguido por D + B + O continuou a melhorar a SLP vscontrole, incluindo subgrupos; na população HRD+ não-tBRCAm, a SLP mediana foi de 45,1 meses, a mais longa vista até hoje para esses pacientes no cenário de primeira linha, com tendência de SG favorável associada. A SLP2 foi superior nas populações HRD+ não-tBRCAm e ITT não-tBRCAm”, concluem os pesquisadores. 

Eduardo Paulino, oncologista clínico do INCA, destaca que na população HRD positiva o tratamento padrão na atualidade é a combinação de CT + B seguido de B + O, conforme dados positivos de SG demonstrados no estudo PAOLA 1. “Infelizmente, o braço controle do DUO-O não incluiu iPARP. As análises atualizadas de subgrupo na população HRP ainda estão pendentes e serão importantes para avaliar qual será a tendência de benefício do braço 3 neste subgrupo”, analisa.

Identificação do ensaio clínico: NCT03737643.

Non-tBRCAm

 

HRD+*

ITT

Arm

 

1

N=143

2

N=148

3

N=140

1

N=378

2

n=374

3

N=378

PFS

 

      

 

Median, mo

23.3

25.1

45.1

19.3

20.6

25.1

 

HR (95% CI)

 

0.89 (0.67-1.19)

0.46 (0.33-0.65)

 

0.87 (0.74-1.03)

P=0.11

0.61 (0.51-0.73)

OS

HR (95% CI)

 

0.69 (0.41-1.15)

0.84 (0.51-1.37)

 

0.92 (0.73-1.16)

0.95 (0.76-1.20)

P=0.68

PFS2

HR (95% CI)

 

0.91 (0.60-1.36)

0.62 (0.40-0.95)

 

0.91 (0.75-1.12)

0.82 (0.67-1.01)

*Myriad MyChoice® CDx assay, genomic instability score ≥42.
vs Arm 1. Estimated from a stratified Cox model (stratified by timing and outcome of cytoreductive surgery [HRD+: PFS, OS, PFS2] or by timing and outcome of cytoreductive surgery and geographic region (ITT: PFS) or an unstratified Cox model (ITT: OS, PFS2).

Referência:

Abstract 43O: Durvalumab (D) + carboplatin/paclitaxel (CP) + bevacizumab
(B) followed by D, B + olaparib (O) maintenance (mtx) for newly diagnosed advanced ovarian cancer (AOC) without a tumour BRCA1/BRCA2 mutation (non-tBRCAm): Updated results from DUO-O