O oncologista Tiago Costa de Pádua (foto) é primeiro autor de artigo publicado no periódico Urologic Oncology que realiza uma revisão de escopo para avaliar a atividade, eficácia, eventos adversos relacionados ao tratamento e impacto na qualidade de vida dos anticorpos droga-conjugado no câncer urotelial metastático.
“O câncer urotelial metastático (mUC) é uma doença agressiva com sobrevida global e opções de tratamento limitadas. Os anticorpos droga-conjugado (ADCs) foram projetados com a intenção de fornecer seletivamente drogas citotóxicas potentes para células tumorais que expressam antígenos, ligando citotoxinas a anticorpos monoclonais (mAbs), e surgiram como novas opções de tratamento principalmente em pacientes expostos a quimioterapia (CT) e a inibidores de checkpoint imunológico (ICI)”, observam os autores.
Em janeiro de 2022, os autores realizaram uma revisão da literatura utilizando as bases de dados Pubmed e Embase de acordo com as recomendações do Joanna Briggs Institute. O método de pesquisa envolveu a consulta dos termos “carcinoma de bexiga” ou “carcinoma urotelial” associados a “enfortumab vedotin” (EV), “sacituzumab govitecan” (SG), e anticorpo droga-conjugado. Foram incluídos apenas ensaios clínicos prospectivos.
Resultados
Onze ensaios clínicos com 1.417 pacientes foram selecionados para inclusão e cinco medicamentos foram identificados: enfortumabe vedotina (EV), sacituzumabe govitecano (SG), disitamabe vedotina (RC48-ADC), ASG-15ME (anti-SLITRK6) e trastuzumabe deruxtecana. Os diferentes ADCs foram testados principalmente em estudos de fase 1 ou fase 2, como monoterapia ou em combinação com inibidores de checkpoint imune. A taxa de resposta variou de 27% com sacituzumab govitecan em pacientes previamente tratados a 73,3% com enfortumabe vedotina mais pembrolizumabe em pacientes inelegíveis à cisplatina como tratamento de primeira linha.
O estudo de Fase 3 EV-301 confirmou a superioridade de enfortumabe vedotina sobre a quimioterapia de escolha do investigador após falha na quimioterapia à base de platina e inibidor de checkpoint, melhorando a sobrevida global (12,88 vs. 8,97 meses; HR 0,70; 95% CI, 0,56–0,89; P = 0,001). eventos adversos relacionados ao tratamento (TRAEs) de qualquer grau ocorreram em mais de 90% dos pacientes em estudos de Fase 2 ou 3, com altas taxas de eventos de grau ≥ 3 variando de 51,4 a 73,5% em diferentes estudos. Os TRAEs de particular interesse relacionados à enfortumabe vedotina EV foram rash cutâneo, neuropatia e hiperglicemia. Sacituzumabe govitecano foi associado com diarreia e toxicidade hematológica. Os dados dos ensaios de fase 2 e 3 de enfortumabe vedotina não sugerem impacto na qualidade de vida, mas uma melhora nos sintomas de dor em comparação com o braço controle.
“Os ACDs representam uma nova opção terapêutica para o tratamento do câncer urotelial metastático, com evidência nível 1 já alcançada por enfortumabe vedotina nas configurações pós-quimioterapia e inibidores de checkpoint. Uma alta incidência de eventos adversos potenciais foi observada nos estudos de fase 2 e 3, incluindo rash cutâneo, neutropenia, toxicidade hematológica e neuropatia, sendo importante que os médicos estejam cientes de possíveis eventos adversos e seu manejo ideal”, concluíram os autores.
Referência: Tiago Costa de Padua, Marco Moschini, Alberto Martini, Filippo Pederzoli, Luigi Nocera, Laura Marandino, Daniele Raggi, Alberto Briganti, Francesco Montorsi, Andrea Necchi, Efficacy and toxicity of antibody-drug conjugates in the treatment of metastatic urothelial cancer: A scoping review, Urologic Oncology: Seminars and Original Investigations, 2022, ISSN 1078-1439, https://doi.org/10.1016/j.urolonc.2022.07.006.