No estudo de Fase III EMPOWER-Cervical 1, o anticorpo anti-PD-1 cemiplimabe (Libtayo®, Sanofi) conferiu sobrevida significativamente maior em comparação com a quimioterapia de agente único de escolha do investigador em pacientes com câncer do colo do útero recorrente após quimioterapia de primeira linha contendo platina. Agora, os resultados relatados pelas pacientes deste estudo pivotal foram publicados no European Journal of Cancer, em artigo com a participação da oncologista Andreia Melo (foto), chefe da Divisão de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Tecnológico do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
As pacientes foram randomizadas 1:1 para cemiplimabe open-label (350 mg por via intravenosa a cada 3 semanas) ou quimioterapia de escolha do investigador. As participantes completaram o Questionário de Qualidade de Vida da Organização Europeia para Pesquisa e Tratamento do Câncer-Core 30 durante os ciclos 1-16. Mudanças médias de mínimos quadrados desde o baseline no estado de saúde global (GHS)/qualidade de vida (QoL) e funcionamento físico (PF) foram desfechos secundários na hierarquia estatística.
Com um total de 608 pacientes incluídas (304 em cada braço, 77,8% do grupo representado pela histologia de carcinoma escamoso), as taxas de preenchimento do questionário foram de aproximadamente 90% ao longo do tempo.
Na população com carcinoma de células escamosas, as diferenças gerais entre os grupos foram estatisticamente favoráveis ao cemiplimabe no estado de saúde global (GHS)/Qualidade de vida (QoL) (8,49; intervalo de confiança de 95% [IC]: 3,77–13,21; P = 0,0003) e funcionamento físico (8,35; IC 95%: 4,08– 12,62; P < 0,0001).
As diferenças de tratamento favoreceram cemiplimabe em ambas as populações histológicas no ciclo 2. As alterações gerais do baseline na maioria das escalas funcionais e de sintomas favoreceram cemiplimabe, com diferenças de tratamento clinicamente significativas no papel funcional, perda de apetite e dor em ambas as populações. As análises de sensibilidade, análises de resposta e tempo para deterioração definitiva também favoreceram cemiplimabe em ambas as populações.
Em conclusão, cemiplimabe conferiu diferenças favoráveis no estado de saúde global/qualidade de vida e funcionamento físico em comparação com quimioterapia entre pacientes com câncer do colo do útero recorrente, com benefícios no funcionamento físico no ciclo 2 e diferenças clinicamente significativas favorecendo o cemiplimabe no papel funcional, perda de apetite e dor.
“Além de ter sido o primeiro estudo de fase III a demonstrar ganho em sobrevida global no tratamento de pacientes com câncer do colo do útero recidivado/metastático após quimioterapia de primeira linha contendo platina, o estudo EMPOWER Cervical-1 também mostrou benefício na qualidade de vida das participantes, endpoint cada vez mais valorizado no desenvolvimento de novas tecnologias em oncologia”, concluiu Andreia Melo.
Referência: Oaknin A et al., EMPOWER CERVICAL-1: Effects of cemiplimab versus chemotherapy on patient-reported quality of life, functioning and symptoms among women with recurrent cervical cancer, European Journal of Cancer, https://doi.org/10.1016/j.ejca.2022.03.016