A associação do inibidor de PD-1 cemiplimabe (Libtayo®, Sanofi) à quimioterapia melhorou significativamente a sobrevida global na primeira linha de tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas localmente avançado ou metastático, independentemente da histologia e dos níveis de expressão de PD-L1. Os resultados são do estudo randomizado, multicêntrico de Fase 3 EMPOWER-Lung 3, interrompido precocemente após atingir seu endpoint primário de sobrevida global. Os dados devem embasar a submissão junto às principais agências regulatórias.
A decisão de interromper o estudo antecipadamente foi baseada em uma recomendação do Comitê Independente de Monitoramento de Dados (IDMC) durante uma análise intermediária especificada por protocolo.
O ensaio randomizado multicêntrico de Fase 3 EMPOWER-Lung 3 avaliou a combinação de cemiplimabe e quimioterapia com dupleto de platina, em comparação com a quimioterapia isolada no tratamento de primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado escamoso ou não escamoso, independentemente da expressão de PD-L1.
O estudo incluiu 466 pacientes com teste negativo para mutações ALK, EGFR e ROS1, com doença metastática sem tratamento prévio (estágio IV) ou CPCNP localmente avançado (estágio IIIB/C) que não eram candidatos à quimiorradiação definitiva.
Os pacientes foram randomizados 2: 1 para receber cemiplimabe 350 mg (n = 312) ou placebo (n = 154) administrado por via intravenosa a cada três semanas por 108 semanas, mais quimioterapia com doublet de platina administrada a cada três semanas por quatro ciclos. Os endpoints coprimários foram sobrevida global (SG) e sobrevida livre de progressão (SLP), e os principais desfechos secundários incluíram taxa de resposta objetiva e melhor resposta global.
Entre os pacientes do estudo, 30% (n = 139) tinham tumores com <1% de expressão de PD-L1, 38% (n = 175) tinham tumores com 1% a 49% de expressão de PD-L1 e 33% (n = 152) tinha tumores com ≥50% de expressão de PD-L1.
Nesta análise inicial do tratamento em primeira linha, a combinação de cemiplimabe e quimioterapia reduziu o risco de morte em 29% em comparação com a quimioterapia isolada (hazard ratio: 0,71; 95% [CI]: 0,53-0,93; p = 0,014). A mediana de sobrevida global foi de 22 meses (95%: 16 meses para não avaliável) para cemiplimabe + quimioterapia, e 13 meses (95% CI: 12 a 16 meses) para quimioterapia isolada. Nenhum novo sinal de segurança de cemiplimabe foi identificado na análise IDMC, e os dados adicionais de eficácia e segurança detalhados serão apresentados em um próximo evento científico.
"O estudo de Fase 3 inscreveu pacientes com uma variedade de características de doenças desafiadoras para tratar, bem como aqueles com doença localmente avançada. Esses dados se somam ao crescente corpo de evidências que apoiam cemiplimabe no câncer de pulmão de células não pequenas avançado, o que inclui os resultados para a monoterapia de cemiplimabe em casos de alta expressão de PD-L1", afirmou Miranda Gogishvili, oncologista do High Technology Medical Center, University Clinic, em Tbilisi, Geórgia, e coautora do estudo.
Aproximadamente 84% de todos os cânceres de pulmão são de células não pequenas, com 75% desses casos diagnosticados em estágios avançados. Embora a monoterapia com inibidor de PD-1 tenha avançado principalmente no tratamento de CPCNP com ≥50% de expressão de PD-L1, aproximadamente 70% de todos os casos de CPCNP tem <50% de expressão de PD-L1, cenário de tratamento mais comum.
O uso de cemiplimabe em combinação com quimioterapia para CPCNP avançado está atualmente sob investigação clínica e sua segurança e eficácia não foram totalmente avaliadas por nenhuma autoridade regulatória. O inibidor de PD-1 também está sendo avaliado no câncer cervical avançado, bem como em estudos em combinação com abordagens terapêuticas para outros tumores sólidos e hematológicos.