Onconews - Ensaio randomizado mostra importância do perfil genômico no câncer de sítio primário desconhecido

Ensaio randomizado de centro único mostrou que o tratamento guiado por um teste de expressão de 90 genes pode melhorar a sobrevida livre de progressão em comparação com a quimioterapia empírica entre pacientes com câncer de sítio primário desconhecido (CUP), demonstrando que o perfil genômico pode fornecer mais informações sobre a doença e expandir o arsenal terapêutico nesses pacientes. Os resultados estão em artigo de Liu et al. no Lancet Oncology.

O câncer de sítio primário desconhecido, ou seja, câncer metastático para o qual o sítio primário anatômico não é clinicamente detectável, tem representado importante desafio para médicos e pacientes.

A quimioterapia empírica continua sendo o padrão de tratamento em pacientes com câncer desfavorável de sítio primário desconhecido. Neste ensaio clínico randomizado conduzido no Fudan University Shanghai Cancer Center (Xangai, China), o objetivo foi avaliar a eficácia e a segurança de um ensaio de expressão de 90 genes para direcionar a terapia específica por sítio de acordo com o perfil de expressão genômico em comparação com a quimioterapia empírica em pacientes com CUP.

Os pesquisadores inscreveram pacientes com idades entre 18 e 75 anos, com CUP não tratado anteriormente (adenocarcinoma metastático confirmado histologicamente, carcinoma de células escamosas, carcinoma pouco diferenciado ou neoplasias pouco diferenciadas) e um status de desempenho do Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) de 0 a 2, que não eram passíveis de tratamento radical local.

Os pacientes elegíveis foram randomizados (1:1) pelo método de minimização de Pocock e Simon para receber terapia específica por sítio guiada por expressão gênica ou quimioterapia empírica (taxano [175 mg/m2 por infusão intravenosa no dia 1] mais platina [cisplatina 75 mg/m2 ou carboplatina área sob a curva 5 por infusão intravenosa no dia 1], ou gemcitabina [1000 mg/m2por infusão intravenosa nos dias 1 e 8] mais platina [o mesmo que acima]). Os fatores de minimização foram o status de desempenho do ECOG e a extensão da doença. Os clínicos e os pacientes não foram mascarados para intervenções. A origem do tumor no grupo de terapia guiada foi prevista pelo ensaio de expressão de 90 genes, assim como os tratamentos administrados. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão na população com intenção de tratar.

Entre 18 de setembro de 2017 e 18 de março de 2021, 182 pacientes (105 [58%] homens, 77 [42%] mulheres) foram randomizados para receber terapia específica (n=91) ou quimioterapia empírica (n=91). Os cinco tecidos de origem mais comumente previstos no grupo de terapia específica foram gastroesôfago (14 [15%]), pulmão (12 [13%]), ovário (11 [12%]), colo do útero (11 [12%]) e mama (nove [10%]).

Na data de corte dos dados (30 de abril de 2023), o acompanhamento mediano foi de 33,3 meses (IQR 30,4–51,0) para o grupo de terapia específica e de 30,9 meses (27,6–35,5) para o grupo de quimioterapia empírica. Os resultados mostram que a sobrevida livre de progressão mediana foi significativamente maior com terapia específica do que com quimioterapia empírica (9,6 meses [IC 95% 8,4–11,9] vs 6,6 meses [5,5–7,9]; razão de risco não ajustada 0,68 [IC 95% 0,49–0,93]; p=0,017).

Entre os 167 pacientes que iniciaram o tratamento planejado, os autores descrevem que 46 (56%) de 82 pacientes no grupo de terapia específica e 52 (61%) de 85 pacientes no grupo de quimioterapia empírica tiveram eventos adversos (EAs) relacionados ao tratamento de grau 3 ou pior; os EAs mais frequentes nos grupos de terapia específica e quimioterapia empírica foram diminuição da contagem de neutrófilos (36 [44%] vs 42 [49%]), diminuição da contagem de glóbulos brancos (17 [21%] vs 26 [31%]) e anemia (dez [12%] vs nove [11%]). Eventos adversos graves relacionados ao tratamento foram relatados em cinco (6%) pacientes no grupo de terapia específica e dois (2%) no grupo de quimioterapia empírica. Nenhuma morte relacionada ao tratamento foi observada.

Este estudo está registrado no ClinicalTrials.gov : NCT03278600.

Referência:

DOI: https://doi.org/10.1016/S1470-2045(24)00313-9