Perspectivas promissoras na oncologia torácica sinalizam que mais pessoas com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) devem se beneficiar de novos medicamentos que visam alterações moleculares nas células tumorais, com menos necessidade de quimioterapia, como apontam resultados de vários ensaios clínicos que serão relatados pela primeira vez no Congresso ESMO 2023. “Os resultados são muito impressionantes e significam que podemos esperar grandes mudanças no tratamento de primeira linha para pacientes com CPCNP”, disse Alessandra Curioni- Fontecedro, professora da Universidade de Friburgo, Suíça.
Melhores resultados foram alcançados com combinações de novos medicamentos experimentais direcionados a mutações tumorais comuns e raras em relação ao tratamento padrão, com avanços observados no CPCNP tanto no estágio inicial quanto no cenário metastático. O CPCNP é o tipo de câncer de pulmão responsável por aproximadamente oito em cada 10 casos da doença.
Os resultados previstos no ESMO 2023 reforçam a importância do acesso aos testes moleculares e de sua compreensão por todos os envolvidos no diagnóstico e tratamento da doença. “Estramos na era da medicina personalizada no CPCNP, onde utilizamos combinações de novos agentes e terapias-alvo, e será essencial conhecer toda a carga mutacional de cada paciente em cada etapa, do diagnóstico à progressão, para que possamos planejar adequadamente a abordagem mais eficaz e menos tóxica. O futuro do tratamento do câncer de pulmão reside em encontrar a combinação certa de tratamento alvo, quimioterapia e imunoterapia para cada paciente” ressaltou Elene Mariamidze, da Clínica Todua, em Tbilisi, Geórgia.
As especialistas destacaram dados de estudos de nova combinação em pacientes com CPCNP avançado ou metastático com mutação EGFR – uma das mutações tumorais mais comuns. Como tratamento de primeira linha, a combinação teve impacto na sobrevidia livre de progressão (SLP), que foi significativamente melhor do que com o tratamento. Em pacientes que já tinham progredido neste padrão atual de cuidados, os novos medicamentos, combinados com a quimioterapia, melhoraram significativamente a SLP em comparação com a quimioterapia isolada.
“São estudos mostrando que os pacientes têm agora uma combinação de medicamentos potencialmente nova para o seu tratamento, com benefícios tangíveis”, acrescentou Mariamidze.
Os resultados dos estudos sobre CPCNP apresentados no Congresso ESMO 2023 também sugerem que o uso de terapias alvo direcionadas a mutações específicas pode reduzir a necessidade de quimioterapia em alguns pacientes, incluindo aqueles com algumas alterações tumorais mais raras, para as quais as opções de tratamento são ainda limitadas. É o caso de pacientes com CPCNP ALK-positivo em estágio inicial ressecável, CPCNP avançado com mutação RET e aqueles com a CPCNP avançado com a mutação EGFR menos comum e mais difícil de tratar, com inserção do Exon 20.