Onconews - PET-Scan monitora papel da estatina em associação com a terapia anti-HER2

petUma abordagem terapêutica que combina terapias anti-HER2 com a estatina lovastatina pode reduzir o número de tratamentos de câncer necessários para prevenir o crescimento do tumor. Conforme demonstrado por exames imuno-PET, a terapia combinada é capaz de potencializar o tratamento com menos eventos adversos. A pesquisa foi publicada na edição de outubro do Journal of Nuclear Medicine.

“Os conjugados anticorpo-droga (ADCs) anti-HER2 têm sido eficazes no tratamento de câncer de mama, pulmão, bexiga e estômago. Embora geralmente sejam bem tolerados, doses múltiplas dos medicamentos podem resultar em eventos adversos (EAs) graves, e são necessárias estratégias que reduzam esses EAs, bem como biomarcadores preditivos da toxicidade dos ADCs”, observam os autores.

Este estudo buscou determinar se uma dose única de ADC anti-HER2 poderia ser administrada em combinação com lovastatina, que eleva temporariamente o HER2 da superfície celular, para alcançar eficácia terapêutica semelhante à de um regime de doses múltiplas. Também foi utilizado PET-scan para monitorar alterações na expressão de HER2 após a terapia com ADC.

Os pesquisadores injetaram células de câncer gástrico cultivadas em ratos e células de câncer gástrico derivadas de pacientes. Quando os tumores cresceram suficientemente, os ratos foram divididos em grupos e receberam vários esquemas de tratamento (sem tratamento, doses múltiplas de ADC, doses múltiplas de ADC com lovastatina, dose única de ADC ou dose única de ADC com lovastatina). O PET-scan foi utilizado para investigar o regime de dosagem e a eficácia dos esquemas de tratamento.

Resultados

Os resultados mostraram que uma dose única de terapia com ADC combinada com lovastatina reduz o volume do tumor em taxas semelhantes às resultantes de doses múltiplas de ADC em um ambiente pré-clínico. “Nosso estudo demonstrou que as estatinas aumentam a eficácia do ADC tanto em uma linhagem celular quanto em um modelo de xenoenxerto derivado do paciente, de maneira que permite uma administração de dose única do ADC. Isso não apenas simplifica o tratamento, explorando esquemas de dose única de ADCs, mas também pode reduzir os eventos adversos, minimizando o número de doses necessárias”, observaram os autores.

O estudo também revelou que o PET-scan pode monitorar de forma não invasiva os níveis de HER2 do tumor após o tratamento com terapias ADC direcionadas ao HER2.  Atualmente, não existe uma maneira ideal para selecionar tumores ou monitorar sua resposta aos ADCs. Esta pesquisa indica que a imagem molecular pode preencher essa lacuna, fornecendo insights em tempo real sobre a resposta à terapia.

“As descobertas sugerem que as técnicas de imagem molecular desempenharão um papel crítico na orientação do desenvolvimento de medicamentos e nas decisões de tratamento do câncer, especialmente porque vários ADCs estão sendo testados e aprovados para o tratamento do câncer”, conclui Pereira.

Referência: Immuno-PET Detects Antibody–Drug Potency on Coadministration with Statins. Emma L. Brown, Shayla Shmuel, Komal Mandleywala, Sandeep Surendra Panikar, Na-Keysha Berry, Yi Rao, Abbey Zidel, Jason S. Lewis, Patrícia M.R. Pereira. Journal of Nuclear Medicine Oct 2023, 64 (10) 1638-1646; DOI: 10.2967/jnumed.122.265172