Izabela Ferreira Gontijo de Amorim (foto), pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Translacional em Oncologia do Instituto Mário Penna, MG, é primeira autora de estudo que sugere a natureza multifatorial da resistência à platina no câncer de ovário seroso de alto grau. Os pacientes resistentes à platina foram caracterizados pela presença de CHEK2-DIV e maior expressão L1.
O câncer de ovário seroso de alto grau (HGSOC) representa o subtipo mais prevalente e agressivo de câncer ovariano. A baixa taxa de sobrevida global do HGSOC é frequentemente atribuída à resistência à platina.
Estudos recentes sugerem que o microambiente tumoral (TME) é um fator determinante na progressão do tumor maligno e o dano ao DNA desempenha papel importante neste processo. Neste estudo, Amorim e colegas buscaram investigar a associação de variantes genéticas em genes da via de reparo homóloga (HR) com o perfil imunológico do microambiente tumoral e a resposta dos pacientes de HGSOC à platina.
Os resultados relatados na PlosOne mostram que pacientes resistentes à platina foram caracterizados pela presença de uma nova variante intrônica profunda (DIV), a CHEK2 c.319+ 3943A > T, e maior expressão de L1 (p = 0,016), (precisão de 100%).
A proteína Chek2 é um componente importante do reparo do DNA e L1. Também conhecida como calprotectina, é um componente das armadilhas extracelulares de neutrófilos durante a inflamação, previamente sugerida por sua contribuição-chave para o processo metastático no HGSOC. Além disso, os autores descrevem que os níveis de PD-L2 foram significativamente maiores em pacientes com resistência à platina positivos para essa variante CHEK2 (p = 0,048), ressaltando a necessidade de explorar seu potencial papel terapêutico para esse câncer.
“Nossos resultados sugerem uma interação entre TME e variantes de reparo de DNA que resulta na natureza multifatorial da resistência do HGSOC à quimioterapia de platina”, concluem os autores, que ressaltam a necessidade de investigar estratégias terapêuticas inovadoras que explorem o potencial do PD-L2 como um biomarcador e avaliar seu papel na resistência ao HGSOC de forma mais abrangente.
Além de Izabela Ferreira Gontijo de Amorim, o trabalho tem participação de Carolina Pereira de Souza Melo, Ramon de Alencar Pereira, Sidnéa Macioci Cunha, Thalía Rodrigues de Souza Zózimo, Fábio Ribeiro Queiroz, Iago de Oliveira Peixoto, Luciana Maria Silva Lopes, Laurence Rodrigues do Amaral, Matheus de Souza Gomes, Juliana Almeida Oliveira, Eduardo Batista Cândido, Paulo Guilherme de Oliveira Salles e Letícia da Conceição Braga, todos pesquisadores .
Referência:
de Amorim IFG, Melo CPdS, Pereira RdA, Cunha SM, Zózimo TRdS, Queiroz FR, et al. (2025) Association of a CHEK2 somatic variant with tumor microenvironment calprotectin expression predicts platinum resistance in a small cohort of ovarian carcinoma. PLoS ONE 20(3): e0315487. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0315487