Resultados de uma grande coorte de mulheres que receberam mamografias de rastreamento no Breast Cancer Surveillance Consortium (BCSC) sugerem que o sobrediagnóstico de câncer de mama devido à mamografia de rastreamento é cerca de 15% menor do que o estimado. Financiado pelo National Cancer Institute, o trabalho foi publicado no Annals of Internal Medicine.
Estudos anteriores demonstraram taxas de sobrediagnóstico de aproximadamente 30% entre os cânceres de mama detectados por rastreamento. No entanto, não há consenso sobre a frequência de sobrediagnóstico de câncer de mama.
O BCSC inclui mulheres de 50 a 74 anos cuja primeira triagem ocorreu entre 2008 e 2018. O sobrediagnóstico detectado pela triagem foi definido como casos de câncer não progressivos ou progressivos, mas que não teriam progredido para doença clínica antes que a mulher morresse de causas não relacionadas ao câncer de mama.
A coorte incluiu 35.986 mulheres, 82.677 mamografias e 718 diagnósticos de câncer de mama. Entre todos os casos de câncer pré-clínico, 4,5% (intervalo de incerteza de 95% [UI], 0,1% a 14,8%) foram estimados como não progressivos. Em um programa de rastreamento bienal dos 50 aos 74 anos, estimou-se que 15,4% (UI, 9,4% a 26,5%) dos casos de câncer detectados no rastreamento foram superdiagnosticados, com 6,1% (IU, 0,2% a 20,1%) devido a detectar câncer pré-clínico indolente e 9,3% (IU, 5,5% a 13,5%) devido à detecção de câncer pré-clínico progressivo em mulheres que teriam morrido de causa não relacionada antes do diagnóstico clínico.
“Entre todos os casos de câncer superdiagnosticados no programa de rastreamento bienal das idades de 50 a 74 anos, um terço foi devido à detecção de câncer não progressivo e dois terços devido à detecção de câncer progressivo que não teria progredido para doença clínica antes da mulher morrer de outras causas”, afirmaram os autores. “Essa divisão do sobrediagnóstico raramente é relatada e permite uma caracterização mais informativa dos padrões de sobrediagnóstico dependentes da idade”, observaram.
“A análise projetou que entre as mulheres rastreadas bienalmente com idades entre 50 e 74 anos, cerca de 1 em cada 7 casos de câncer detectado pela triagem é superdiagnosticado. Essas informações esclarecem o risco de sobrediagnóstico de câncer de mama na prática contemporânea de rastreamento e devem facilitar a tomada de decisão compartilhada e informada sobre o rastreamento mamográfico”, concluíram os autores.
Referência: Marc D. Ryser, Jane Lange, Lurdes Y.T. Inoue, et al. Estimation of Breast Cancer Overdiagnosis in a U.S. Breast Screening Cohort. Ann Intern Med. [Epub ahead of print 1 March 2022]. doi:10.7326/M21-3577