Estudo liderado por pesquisadores da Mayo Clinic buscou identificar características do melanoma em pacientes negros não-hispânicos (NHB) para informar estratégias para detecção precoce e tratamento. Publicado no Journal of Surgical Oncology, o trabalho sugere uma vigilância adicional no rastreamento em homens negros, cujos tumores são frequentemente diagnosticados em estágios avançados.
“Comparamos pacientes negros não hispânicos com pacientes brancos e observamos diferenças marcantes na forma como os pacientes apresentavam a doença, com mais melanoma nas extremidades e mais doenças em estágio avançado”, afirmaram os autores.
Foram analisados dados do Surveillance, Epidemiology, and End Results (SEER) entre 2004 e 2019 para identificar pacientes com melanoma não metastático com categoria TN e raça conhecidas.
Resultados
Entre 492.597 pacientes, 1.499 (0,3%) eram negros não-hispânicos, que eram mais jovens (21% vs. 17%, idade <50) e mais comumente mulheres (54% vs. 41%) do que brancos não-hispânicos (NHW), ambos p < 0,0005. Para negros não-hispânicos, a extremidade inferior foi o local mais comum (52% vs. 15% para brancos não-hispânicos, p < 0,0001), a categoria T foi maior (55% Tis-T1 vs. 82%; 27% T3-T4 vs. 8%, p < 0,0001) e o estágio de apresentação foi maior (19% Estágio III, vs. 6%, p < 0,0001).
Dentro da coorte de negros não-hispânicos, os homens tendem a ser mais velhos no momento do diagnóstico e mais propensos a ter câncer que se espalhou para os gânglios linfáticos em comparação com as mulheres, o que se traduziu em piores taxas de sobrevida. A sobrevida câncer-específica (CSS) da doença estágio 3 em cinco anos foi de 42% para homens negros não-hispânicos versus 71% para mulheres, ajustando para idade e status clínico nodal (hazard ratio 2,48).
“O estudo destaca a necessidade de compreender melhor estas diferenças. Este é o primeiro grande trabalho a confirmar que existem diferenças baseadas no sexo nos resultados do melanoma na população negra não-hispânica”, destacaram os autores.
“Mais estudos de melanoma com uma gama mais ampla de pessoas, incluindo mais participantes negros, são fundamentais para preencher lacunas de conhecimento e potencialmente identificar tratamentos mais eficazes”, concluíram.
Referência: Steadman JA, Glasgow AE, Neequaye NN, Habermann EB, Hieken TJ. Distinct presentation of melanoma in Black patients may inform strategies to improve outcomes. J Surg Oncol. 2024 May;129(6):1041-1050. doi: 10.1002/jso.27608. Epub 2024 Mar 4. PMID: 38436625.