Onconews - Estudo avalia combinação de atividade física e dexametasona para fadiga relacionada ao câncer

Utilizadas separadamente, a atividade física e a dexametasona conferem benefícios modestos para a fadiga relacionada ao câncer em pacientes com câncer avançado. Agora, estudo randomizado realizado por pesquisadores da Universidade do Texas MD Anderson Cancer Center buscou determinar a viabilidade (adesão, segurança e satisfação) e avaliar os efeitos da combinação de atividade física (AF) e dexametasona versus AF com placebo para o manejo da fadiga. Os resultados foram publicados no Journal of the National Comprehensive Cancer Network (JNCCN), em acesso aberto.

Neste estudo de fase II, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, os pacientes elegíveis tinham câncer avançado e uma pontuação de FCR ≥4 na Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS) para fadiga (escala de 0 a 10). Os pacientes foram randomizados para atividade física padronizada por 4 semanas com 4 mg de Dexametasona (braço AF+Dex) ou placebo (braço AF+PBO) duas vezes ao dia durante os primeiros 7 dias.

Foram avaliadas alterações nas pontuações da Avaliação Funcional da Terapia de Doenças Crônicas – Fadiga (FACIT-F) do baseline até os dias 8 e 29. Outros resultados incluíram mudanças nas pontuações de qualidade de vida.

Um total de 64 (89%) pacientes foram avaliáveis. As taxas de adesão à medicação do estudo, exercícios de resistência e exercícios aeróbicos foram de 91% e 92% (P=.15), 83% e 70,6% (P=.35) e 82,9% e 78,3% (P=.73), respectivamente, nos braços atividade física + dexametasona e atividade física + placebo.

As taxas de satisfação para os braços AF+Dex e AF+PBO foram de 98% e 79%, respectivamente. As alterações medianas (IQR) nas pontuações FACIT-F nos dias 8 e 29 do baseline foram 9 (2 a 16; P<.001) e 5,75 (0 a 12,5; P=.015) para o braço AF+Dex, respectivamente, e 3,5 (−2,1 a 10; P=.054) e 6,5 (2,5 a 15,5; P=.006) para o braço AF+PBO, respectivamente.

“Observamos um efeito significativo do tratamento no braço de atividade física + dexametasona usando análise exploratória de modelo linear misto, com o tratamento mostrando uma melhora de 5,63 unidades para as pontuações FACIT-F (IC de 95%, 1,74–9,52; P=.005)”, afirmam os autores.

Também foi observada melhora significativa nas pontuações totais do questionário Avaliação Funcional da Terapia do Câncer - Geral (FACT-G), Sistema de Informação de Medição de Resultados Relatados pelo Paciente - Fadiga, Formulário Curto 7a (PROMIS-Fatigue SF-7a) e Inventário de Sintomas de Fadiga Multidimensional - Versão Curta (MFSI-SF) nos dias 8 e 29 no braço de atividade física + dexametasona. Não houve diferença significativa em eventos adversos de grau ≥3 entre os braços (P=.36).

Em síntese, o estudo demonstrou que o uso da combinação de atividade física + dexametasona e atividade física + placebo para a fadiga relacionada ao câncer foi viável e associado a altas taxas de satisfação, adesão à medicação e intervenção de atividade física, e tolerabilidade. “A melhora da fadiga relacionada ao câncer com atividade física e dexametasona foi clinicamente significativa nos dias 8 e 29. Os resultados justificam a investigação em estudos maiores.

O estudo está registrado em ClinicalTrials.Gov, NCT03583255.

Referência:

Yennurajalingam, S., Valero, V., Smalgo, B. G., Overman, M. J., Dasari, A., Wolff, R. A., Raghav, K. P. S., Barcenas, C. H., Busaidy, N. L., Fellman, B., Basen-Engquist, K., Hess, K. R., Tripathy, D., & Bruera, E. (2025). Physical Activity and Dexamethasone for Cancer-Related Fatigue: A Preliminary Placebo-Controlled, Randomized, Double-Blind Trial. Journal of the National Comprehensive Cancer Network, 23(1), e247071. Retrieved Mar 20, 2025, from https://doi.org/10.6004/jnccn.2024.7071