Carlos Frederico Pinto (foto), oncologista do Instituto de Radioterapia do Vale, do Grupo Oncologia D'Or, é primeiro autor de estudo que analisa como as diferenças culturais influenciam a qualidade e a segurança do atendimento oncológico. O trabalho tem participação de Martins Fideles S. Neto (na foto, à direita), do Hospital de Câncer de Barretos, e propõe estratégias para melhorar as práticas de liderança e a colaboração internacional no escopo dos Programas de Qualidade da ASCO.
Nesta análise, os autores argumentam que a cultura organizacional em oncologia, muitas vezes esquecida, surge como importante fator na qualidade do atendimento e na implementação eficaz de estratégias de saúde, lembrando que as diferenças culturais e seus efeitos na colaboração internacional foram estudados em vários setores, mas apenas recentemente na área da saúde. “Entender essas diferenças pode influenciar significativamente os resultados das iniciativas de cooperação internacional da ASCO focadas na melhoria da qualidade”, sustentam.
A partir de uma revisão de literatura, os pesquisadores examinam como as diferenças culturais influenciam a qualidade e a segurança do atendimento oncológico e quais estratégias podem ser implementadas para melhorar a qualidade e os resultados em ambientes multiculturais. Como método de análise, utilizam as dimensões culturais de Hofstede e seu índice de Distância de Poder (IDP; a capacidade de falar sem constrangimento).
Os resultados mostram que culturas com pequeno IDP tendem a ter melhor desempenho em segurança e qualidade da assistência médica, indicando que o comportamento de liderança é uma característica dominante nessa condição. A análise sugere que novas técnicas que adotam práticas de segurança psicológica podem mitigar traços culturais como IDP que dificultam práticas de qualidade em oncologia.
Em conclusão, os autores consideram que as práticas de segurança psicológica são uma estratégia culturalmente sensível aos Programas de Qualidade da ASCO capazes de mitigar barreiras culturais locais e desenvolver comportamentos de liderança que permitam estratégias de segurança e qualidade, provendo uma colaboração internacional mais eficaz nos Programas de Qualidade da ASCO.
A íntegra do estudo está em acesso aberto no JCO Global Oncology.
Referência:
Carlos Frederico Pinto et al., Scoping Review of the Impact of Culture on the Effectiveness of Quality Improvement Programs. JCO Glob Oncol 11, e2400035(2025). DOI:10.1200/GO.24.00035