Onconews - Estudo sugere necessidade de imagens suplementares à mamografia na vigilância do carcinoma lobular invasivo da mama

Estudo de pesquisadores da Universidade da Califórnia com pacientes que tiveram recorrência após cirurgia conservadora de mama para tratamento primário do carcinoma lobular invasivo estágio I–III identificou que a maioria das recorrências locais não foi detectada pela mamografia de vigilância. A taxa de câncer de intervalo foi significativamente maior no grupo de vigilância mamográfica em comparação com o grupo de vigilância por ressonância magnética (61,9% vs. 16,7%; p < 0,001), apoiando a necessidade de novas estratégias para o seguimento dessas pacientes.

O carcinoma lobular invasivo (ILC) é o segundo subtipo mais comum de câncer de mama. Embora a mamografia seja conhecida por ter baixa sensibilidade para o câncer lobular invasivo, não há dados para orientar a vigilância ideal após o tratamento. Neste estudo, o objetivo foi explorar estratégias de vigilância após a cirurgia conservadora de mama para ILC e determinar a proporção de recorrências detectadas por imagem versus cânceres de intervalo.

A partir de um banco de dados institucional de 813 mulheres, os pesquisadores identificaram retrospectivamente pacientes que foram submetidas à cirurgia conservadora para ILC estágio I–III e posteriormente tiveram recorrência. Essas pacientes foram categorizadas por estratégia de vigilância e a modalidade de detecção de recorrência foi determinada. As taxas de câncer de intervalo para recorrências locais foram comparadas entre as estratégias de vigilância usando o teste qui-quadrado. A sobrevida global foi avaliada com o teste log-rank e um modelo de riscos proporcionais de Cox.

A base de análise consistiu em 58 pacientes com ILC que tiveram recorrência após a cirurgia conservadora de mama. Destas, 22 (37,9%) tiveram recorrência local, 27 (46,6%) tiveram recorrência distante e 9 (15,5%) tiveram recorrência local e distante. A maioria das pacientes foi submetida à vigilância mamográfica de rotina (65,2%), com 19,6% tendo ressonância magnética (RM) de mama suplementar e 15,2% não tendo vigilância. Os pesquisadores descrevem que a taxa de câncer de intervalo foi significativamente maior no grupo de vigilância mamográfica em comparação com o grupo de vigilância por RM (61,9% vs. 16,7%; p < 0,001).

Esses dados apoiam uma investigação mais aprofundada de imagens suplementares além da mamografia para pacientes com ILC que se submetem à cirurgia conservadora.

“Até onde sabemos, este é o primeiro estudo que examina estratégias de vigilância e métodos de detecção de recorrência local em pacientes submetidas à cirurgia conservadora para câncer lobular invasivo”, apontam os autores, destacando que, embora a mamografia seja conhecida por ter baixa sensibilidade para ILC, apenas uma minoria de pacientes fez ressonância magnética de mama suplementar como parte de sua estratégia de vigilância.

Rita A. Mukhtar e colegas observam que o carcinoma lobular invasivo tem uma taxa maior de cânceres ocultos mamograficamente, bem como uma taxa maior de subestadiamento na mamografia em comparação com o carcinoma ductal invasivo. “Nosso estudo sugere que imagens suplementares para vigilância devem ser consideradas especificamente para aquelas pacientes após cirurgia conservadora de mama para ILC e questiona a utilidade da mamografia de rotina”, sublinham os autores.

A íntegra do estudo está disponível do Annals of Surgical Oncology em acesso aberto.

Referência:

Clelland, E.N., Quirarte, A., Rothschild, H.T. et al. Surveillance Strategies After Primary Treatment for Patients with Invasive Lobular Carcinoma of the Breast: Method of Local Recurrence Detection After Breast-Conserving Surgery. Ann Surg Oncol (2024). https://doi.org/10.1245/s10434-024-15710-1