Novos estudos mostram resultados da comparação entre prostatectomia radical assistida por robô (RARP), prostatectomia radical laparoscópica (LRP) e prostatectomia radical retropúbica (ORP). O urologista Marcus Sadi comenta evidências e controvérsias recém-publicadas na literatura. Metanálise1 de pesquisadores chineses publicada em janeiro concluiu pela superioridade da RARP, enquanto estudo inglês2 que considerou resultados funcionais relatados por mais de 3 mil pacientes não forneceu evidências que demonstram resultados oncológicos ou funcionais superiores com a prostatectomia robótica.
“Já sabemos que os resultados oncológicos e funcionais são similares com a abordagem aberta ou robótica em estudos controlados, mas de curto prazo. Entretanto, a robótica tem menor morbidade peri-operatória, menor risco de perda sanguínea ou transfusão de sangue e menor tempo de internação hospitalar”, analisa Marcus Sadi.
Para o especialista, apesar das limitações, o estudo inglês tem um diferencial, ao apresentar resultados com tempo de seguimento adequado para a análise de respostas funcionais. “É um estudo que reuniu cirurgias realizadas por diversos profissionais, o que significa dizer que está mais próximo da realidade diária do que os resultados apresentados pelos centros com superespecialistas em cirurgia robótica. Além disso, o estudo questiona o aumento de custos da robótica, com a interessante mensagem de demonstrar que os resultados funcionais da prostatectomia radical aos 18 meses são similares com qualquer técnica de prostatectomia do ponto de vista dos pacientes”, diz.
Entretanto, o especialista destaca que a cirurgia robótica é uma realidade irreversível,” cujo único problema hoje parece ser de ordem econômica. Nos centros onde ela está disponível, tornou-se o procedimento de referência de forma similar com o que ocorreu no passado com o tratamento da hiperplasia prostática quando se discutia os resultados funcionais da cirurgia aberta transvesical versus ressecção endoscópica (RTU); já há décadas a RTU é o procedimento rotineiro de escolha”, compara Sadi.
“Hoje, existe uma competição muito grande entre hospitais para atrair médicos e pacientes. Soma-se a isso o alto custo de aquisição e manutenção do robô Davinci, da Intuitive, de 3 milhões de dólares e 200 mil dólares/ano, respectivamente, e há um óbvio estímulo para se hipervalorizar 'novidades tecnológicas', dentre as quais a cirurgia robótica da próstata tem lugar de destaque”, conclui.
Referências:
1 - Robot-Assisted Radical Prostatectomy Is More Beneficial for Prostate Cancer Patients: A System Review and Meta-Analysis. Du Y1, Long Q2, Guan B2, Mu L1, Tian J1, Jiang Y1, Bai X1, Wu D1. - Med Sci Monit 2018; 24:272-287
2 - Robot-assisted radical prostatectomy vslaparoscopic and open retropubic radical prostatectomy: functional outcomes 18 months after diagnosis from a national cohort study in England. Julie Nossiter, Arunan Sujenthiran, Susan C Charman, Paul J Cathcart, Ajay Aggarwal, Heather Payne, Noel W Clarke & Jan van der Meulen - British Journal of Cancer volume118, pages489–494 (20 February 2018) - doi:10.1038/bjc.2017.454
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