Estudo da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) publicado na Revista Panamericana de Saúde Pública buscou sintetizar as recomendações desenvolvidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o rastreamento e tratamento de mulheres com lesões pré-cancerosas, com o objetivo de melhorar a qualidade dos cuidados e resultados de saúde.
Nesta análise, Ludovic Reveiz, Assessor de Gestão de Pesquisa em Saúde da OPAS/OMS, sintetizou as recomendações de duas grandes diretrizes da OMS e realizou uma busca sistemática em diferentes bases de dados (PubMed, Lilacs, Mhealth Systems Evidence, Epistemonikos) para identificar barreiras, facilitadores, estratégias de implementação e indicadores relativos ao rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer de colo uterino.
Os resultados de Reveiz indicam um total de 19 recomendações e dez boas práticas formuladas para triagem de lesões pré-cancerosas do colo do útero e tratamento do câncer cervical. O autor também identificou barreiras e facilitadores de implementação nas Américas e destaca que indicadores foram criados para avaliar a adesão e os resultados em cada país.
No artigo da Revista Panamericana de Saúde Pública, o autor destaca que o câncer de colo do útero representa uma das principais causas de mortalidade entre as mulheres em todos os países de baixa renda, permanecendo como um dos mais frequentes nas mulheres da América Latina e Caribe. Reveiz reforça que a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) segue como importante estratégia de prevenção, assim como a detecção e o tratamento oportuno de lesões pré-cancerosas.
No entanto, apesar de as vacinas estarem amplamente disponíveis na região, em alguns países, incluindo o Brasil, a cobertura da vacina contra o HPV permanece abaixo do objetivo de alcançar 80% das crianças.
O autor destaca, ainda, que desigualdades no acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento de lesões pré-cancerosas também comprometem a meta de atender pelo menos 70% das mulheres de 30 a 49 anos. Como consequência, a incidência de câncer de colo uterino em mulheres de 20 a 85 anos deve crescer nas Américas, com a estimativa de chegar a 87.400 novos casos em 2030.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência: Rev Panam Salud Publica 47 08 Mayo 20232023 • https://doi.org/10.26633/RPSP.2023.72