Onconews - Exame de sangue pode ajudar a evitar efeitos colaterais de drogas para câncer colorretal

cancer_colloretal_RADAR_NET_OK.jpgUm estudo publicado no periódico Clinical Colorectal Cancer sugere que um teste de sangue pode ser utilizado para identificar pacientes com câncer colorretal avançado que podem se beneficiar de quimioterapia mais intensiva. O câncer colorretal é comumente tratado com uma combinação de agentes de quimioterapia, e os resultados podem ser melhorados pelo uso de drogas adicionais. No entanto, esta abordagem com múltiplas drogas pode aumentar os efeitos secundários, como perda de cabelo, baixa contagem de células brancas do sangue, diarreia e danos no sistema nervoso periférico. O aumento da toxicidade requer o uso de biomarcadores para selecionar os pacientes que realmente podem se beneficiar da terapia.

"Estamos interessados ​​na detecção de células cancerosas que foram espalhadas a partir do tumor e estão circulando no sangue. Nós verificamos se o número de células tumorais em uma amostra de sangue poderia estar relacionado à forma como os pacientes respondem à quimioterapia intensiva", disse a co-líder do estudo, Caroline Dive, do Cancer Research UK Manchester Institute, na Universidade de Manchester, que faz parte do Manchester Cancer Research Centre, no Reino Unido.
 
O grupo observou pacientes com câncer colorretal avançado que receberam um tratamento de combinação de quatro drogas. Eles confirmaram que os pacientes com três ou mais células tumorais circulantes (CTCs) em sua amostra de sangue tiveram uma sobrevida global inferior em comparação com aqueles pacientes que tinham menos de três CTCs. A equipe também apresentou dados que indicam que pacientes com maior CTC antes do tratamento poderiamse ter mais benefícios deste regime de tratamento intensivo. 

Pacientes e métodos 

O estudo de fase II, braço único (Erbitux Study of CPT11, Oxaliplatin, UFT oral Targeted-therapy [eSCOUT]) foi realizado em doentes com câncer colorretal avançado KRAS selvagem não tratados previamente utilizando um regime de irinotecano, oxaliplatina, e tegafur-uracil com leucovorina e cetuximabe. Células tumorais circulantes basais foram enumerados usando CellSearch. Os endpoints foram taxa de resposta objetiva e sobrevida global (SG). Os resultados foram comparados com aqueles modelados no estudo de capecitabina, oxaliplatina, bevacizumab +/- cetuximab (CAIRO2), estratificando os pacientes a priori em grupos de CTC baixo (<3) e alto (≥ 3).
 
Para 48 pacientes elegíveis, a melhor taxa de resposta objetiva do regime de 4 de drogas foi de 71%, com uma taxa de controle da doença de 98%. A mediana da sobrevida global para pacientes com alta e baixa contagem de CTC foi de 18,7 e 22,3 meses (teste log-rank, P=0,038), respectivamente. Nos dados modelados para pacientes com uma baixa contagem de CTC não foram encontradas diferenças entre a mediana de sobrevida global no estudo eSCOUT e CAIRO2 (22,2 vs 22,0 meses). No entanto, para o grupo de CTC elevada, uma melhoria clinicamente relevante foi observada na mediana de sobrevida global (eSCOUT vs. CAIRO2, 18,7 vs 13,7 meses, P=0,001).
 
Estes dados são geradores de hipótese para identificar pacientes com câncer colorretal avançado que poderiam se beneficiar de um regime intensivo de 4 drogas, permitindo o desenvolvimento de uma abordagem de tratamento mais personalizadae evitando regimes de alta toxicidade em grupos de baixa CTC. A hipótese merece validação em um estudo biomarker-driven de fase III.
 
Referência: Circulating tumour cell enumeration in a Phase II trial of a four-drug regimen in advanced colorectal cancer-  Krebs MG et al. (2015) Clinical Colorectal Cancer. doi: 10.1016/j.clcc.2014.12.006 
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25680623