Onconews - Exercícios físicos como terapia neoadjuvante no câncer de próstata

Qual é a viabilidade da terapia neoadjuvante de exercícios físicos em homens com câncer de próstata localizado e que impacto pode ter na atividade biológica tumoral? Estudo clínico liderado por pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center amplia a base de evidências, demonstrando que intervenções de exercícios físicos no cenário pré-operatório são viáveis e que 225 a 375 minutos por semana têm atividade biológica promissora.

A atividade física é cada vez mais reconhecida como um fator modificável que pode influenciar os resultados do câncer. Em 2022, um painel de especialistas da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) emitiu uma diretriz de prática clínica sobre exercícios durante o tratamento do câncer, concluindo que a prática de exercícios no curso do tratamento concorreu para reduzir a fadiga, melhorar a qualidade de vida e a função física dos pacientes. No entanto, as evidências foram insuficientes para determinar o impacto dos exercícios na atividade biológica tumoral.

Neste ensaio clínico de fase 1a (NCT03813615), realizado por um centro terciário de câncer, os pesquisadores buscaram determinar a dose/intensidade de exercícios em pacientes com câncer de próstata para avaliar se a intervenção interfere nos resultados oncológicos. Foram elegíveis pacientes com câncer de próstata localizado, sem tratamento prévio, programados para ressecção cirúrgica entre junho de 2019 e janeiro de 2023. Os dados foram analisados ​​em junho de 2024.

Como estratégia de intervenção, foram considerados seis níveis de dose de exercícios escalonados, variando de 90 a 450 minutos por semana de caminhada individualizada em esteira de intensidade moderada, usando reavaliação contínua adaptativa. Todas as sessões de terapia de exercícios foram conduzidas remotamente com monitoramento em tempo real.

A viabilidade dos exercícios físicos foi avaliada pela intensidade relativa da dose de exercício (REDI). Um nível de dose foi considerado viável se 70% ou mais dos pacientes atingiram um REDI de 75% ou mais. Os principais endpoints foram alterações na proliferação de células tumorais (Ki67) e nos níveis plasmáticos de antígeno prostático específico entre o pré-tratamento e a pós-intervenção. Segurança e mudanças na fisiologia do paciente também foram avaliadas.

Os resultados foram relatados por Jones et al. no Jama Oncology e como base de análise consideram 53 homens inscritos (idade mediana [IQR], 61 [56-66] anos). Todos os níveis de dose se mostraram viáveis ​​(≥75% REDI). As mudanças médias (IC 95%) no Ki67 foram de 5,0% (–4,3% a 14,0%) por 90 minutos por semana, 2,4% (–1,3% a 6,2%) por 150 minutos por semana, –1,3% (–5,8% a 3,3%) por 225 minutos por semana, –0,2% (–4,0% a 3,7%) por 300 minutos por semana, –2,6% (–9,2% a 4,1%) por 375 minutos por semana e 2,2% (−0,8% a 5,1%) por 450 minutos por semana. Os autores descrevem que as alterações nos níveis de antígeno prostático específico foram de 1,0 ng/mL (–1,8 a 3,8) por 90 minutos por semana, 0,2 ng/mL (–1,1 a 1,5) por 150 minutos por semana, –0,5 ng/mL (–1,2 a 0,3) por 225 minutos por semana, –0,2 (–1,7 a 1,3) por 300 minutos por semana, –0,7 ng/mL (–1,7 a 0,4) por 375 minutos por semana e –0,9 ng/mL (–2,4 a 0,7) por 450 minutos por semana.

Nenhum evento adverso sério foi observado. No geral, 225 minutos por semana (aproximadamente 5 minutos por tratamento, 5 vezes por semana) foi selecionado como a dose recomendada da fase 2.

Em conclusão, esses resultados sugerem que a terapia de exercícios neoadjuvantes é viável e segura, com atividade promissora no câncer de próstata localizado. A intensidade de dose de 225 minutos por semana deve ser selecionada como a dose recomendada da fase 2 em homens com câncer de próstata.

Referência:

Jones LW, Moskowitz CS, Lee CP, et al. Neoadjuvant Exercise Therapy in Prostate Cancer: A Phase 1, Decentralized Nonrandomized ControlledTrial. JAMA Oncol. Published online July 18, 2024. doi:10.1001/jamaoncol.2024.2156