O oncologista Paulo Gustavo Bergerot (foto) é primeiro autor de estudo que avaliou a viabilidade e aceitabilidade de um programa personalizado de atividade física para pacientes com câncer em tratamento com inibidores de checkpoint imune (ICI), investigando seu impacto na qualidade de vida, efeitos colaterais relacionados ao tratamento com ICI, fadiga e sintomas emocionais. “Esta intervenção pode impactar positivamente o manejo de sintomas e a qualidade de vida”, destacaram os autores em artigo publicado no periódico Supportive Care in Cancer.
Este estudo prospectivo foi conduzido em oito práticas de câncer do grupo Oncoclínicas. Pacientes com câncer elegíveis submetidos a ICIs foram recrutados de junho de 2022 a janeiro de 2023. Os participantes concluíram um programa de atividade física de 12 semanas com supervisão remota. As avaliações da linha de base e de 12 semanas utilizaram as escalas Functional Assessment of Cancer Therapy – Immune Checkpoint Modulator (FACT-ICM), Brief Fatigue Inventory (BFI), Edmonton Symptom Assessment System (ESAS), Patient-Reported Outcomes Measurement Information System (PROMIS)-Anxiety e Fear of cancer recurrence (FCR-7). A viabilidade e a aceitabilidade foram avaliadas com base nas taxas de inscrição, retenção e adesão, com feedback do paciente coletado na semana 12. Modelos mistos lineares foram empregados para avaliar os resultados.
De 38 pacientes, 81% apresentaram alta adesão, 62% se envolveram em atividades por mais de 4 dias por semana e 97% ficaram satisfeitos com o programa. A amostra era majoritariamente feminina (55%), idade média de 60,5, diagnosticada principalmente com câncer de mama (26%) e carcinoma de células renais (24%), com 60,5% apresentando câncer metastático. Sessenta por cento (60%) receberam ICI combinado com quimioterapia. Melhorias significativas foram observadas ao longo do tempo em efeitos colaterais relacionados ao tratamento, sintomas emocionais e qualidade de vida (p < 0,001).
Em síntese, estas descobertas endossam a integração de um programa de exercícios com supervisão remota no cuidado de pacientes com câncer submetidos ao tratamento com inibidores de checkpoint. “Esta intervenção pode impactar positivamente o manejo de sintomas e a qualidade de vida, oferecendo uma abordagem econômica no tratamento oncológico e no cuidado de sobreviventes de câncer”, concluíram os autores.
Além de Paulo Gustavo Bergerot, o estudo tem participação dos pesquisadores Cristiane Decat Bergerot, Jonas Ribeiro Gomes Silva, William Hiromi Fuzita, Marcos V. S. Franca, Paulo Sergio Lages, Gabriel dos Anjos, Andressa Cardoso de Azeredo, Carolina Bezerra Patriota, Marco Murilo Buso, João Nunes Matos Neto, David Lee, Errol J. Philip, Kathryn H. Schmitz, Sumanta K. Pal, Enrique Soto-Pérez-de-Celis e Narjust Florez.
Referência:
Bergerot, P.G., Bergerot, C.D., Silva, J.R.G. et al. Exercising and immuno-oncology treatment (ExIO): a prospective pilot study for patients with solid tumors. Support Care Cancer 32, 840 (2024). https://doi.org/10.1007/s00520-024-09056-3