A agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) aprovou o tratamento com erdafitinibe (Balversa®, Janssen) para adultos com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático (mUC) com mutação FGFR3, cuja doença progrediu após pelo menos uma linha anterior de terapia sistêmica. A decisão foi anunciada 19 de janeiro, com base nos resultados da coorte 1 do ensaio de fase 3 THOR, e altera a indicação anterior concedida sob aprovação acelerada para pacientes com mUC com mutações de FGFR3 ou FGFR2 após quimioterapia prévia contendo platina.
No estudo THOR (BLC-3001/NCT03390504), um ensaio randomizado e aberto de fase 3, foram incluídos 266 pacientes com câncer urotelial metastático e mutação FGFR3 tratados com até duas linhas anteriores de terapia sistêmica, incluindo um inibidor de PD-1 ou PD-L1. Os participantes foram randomizados (1:1) para receber erdafitinibe ou a escolha do investigador de docetaxel ou vinflunina. Os pesquisadores também estratificaram os pacientes por região, status de desempenho (ECOG) e presença de metástases viscerais ou ósseas.
A análise do tecido tumoral, realizada em um laboratório central utilizando o kit therascreen® FGFR RGQ de transcrição reversa – reação em cadeia da polimerase (Qiagen), mostrou alterações no FGFR3 em 75% dos pacientes. Os casos restantes foram identificados através de ensaios locais de sequenciamento de próxima geração.
O endpoint primário do estudo foi a sobrevida global (SG). A sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada pelo investigador e a taxa de resposta objetiva (ORR) foram medidas de resultados adicionais. Erdafitinibe mostrou melhorias estatisticamente significativas nesses desfechos em comparação com a quimioterapia.
Os pacientes tratados com erdafitinibe tiveram SG mediana de 12,1 meses em comparação com 7,8 meses entre os pacientes tratados com quimioterapia. A SLP mediana foi de 5,6 meses em comparação com 2,7 meses. Além disso, a ORR foi de 35,3% para pacientes tratados com erdafitinibe versus 8,5% para pacientes tratados apenas com quimioterapia.
Os eventos adversos mais comuns, que foram observados em pelo menos 20% dos pacientes e incluíram anormalidades laboratoriais, foram aumento de fosfato, distúrbios ungueais, diarreia, estomatite, aumento de fosfatase alcalina, diminuição de hemoglobina, aumento de alanina aminotransferase, aumento de aspartato aminotransferase, diminuição de sódio, aumento da creatinina, boca seca, diminuição do fosfato, síndrome de eritrodisestesia palmo-plantar, disgeusia, fadiga, pele seca, prisão de ventre, diminuição do apetite, aumento do cálcio, alopecia, olho seco, aumento do potássio e perda de peso.
A dose recomendada de erdafitinibe oral é de 8 mg uma vez ao dia, que é aumentada para 9 mg em 14–21 dias, dependendo da tolerabilidade. O tratamento deve ser administrado até ocorrer progressão da doença ou toxicidade inaceitável.
O Brasil foi o segundo país do mundo a conceder o registro sanitário, em outubro de 2019, para o tratamento de erdafitinibe em pacientes com câncer urotelial localmente avançado ou metastático com alteração no gene FGFR (Fibroblast Growth Factor Receptor) após tratamento prévio com quimioterapia.