A Food and Drug Administration concedeu aprovação acelerada ao atezolizumab (TECENTRIQ®, Genentech Inc.) em combinação com a quimioterapia nab-paclitaxel (Abraxane®) no tratamento de primeira linha do câncer de mama triplo negativo irressecável, localmente avançado ou metastático, com expressão positiva de PD-L1. A decisão foi baseada nos resultados do estudo IMpassion130, apresentados em outubro durante o Congresso ESMO 2018, em Munique, Alemanha.
A FDA também aprovou o ensaio VENTANA PD-L1 (SP142) como um dispositivo de diagnóstico complementar para a seleção de pacientes com câncer de mama triplo negativo para atezolizumab.
Apresentado no ESMO 2018 e publicado simultaneamente no New England Journal of Medicine, o IMpassion 130 é um estudo clínico de fase III que incluiu 902 pacientes com câncer de mama triplo negativo metastático sem tratamento prévio para a doença metastática. Os pacientes foram aleatoriamente designados para receber quimioterapia padrão (nabpaclitaxel) mais atezolizumabe ou quimioterapia padrão mais placebo. Os endpointsprimários foram sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) em todos os pacientes e em pacientes com expressão de PD-L1.
Após mediana de acompanhamento de 12,9 meses, a terapia combinada reduziu o risco de progressão da doença ou morte em 20% em todos os pacientes (por intenção de tratar - ITT) e em 38% no subgrupo com expressão de PD-L1. Na população ITT, a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 7,2 meses com a combinação e de 5,5 meses com quimioterapia isolada, com taxa de risco (HR) de 0,80 (p = 0,0025). No grupo PD-L1 positivo, a mediana de SLP foi de 7,5 meses com a combinação e de 5,0 meses com quimioterapia isoladamente (HR 0,62, p <0,0001).
Mais da metade dos pacientes estavam vivos no momento da análise de sobrevida global. Em pacientes com tumores com expressão positiva de PD-L1, a mediana de SG foi de 25,0 meses com a associação versus 15,5 meses com a quimioterapia padrão isoladamente (HR 0,62). Em todos os pacientes por intenção de tratar (ITT), a SG foi de 21,3 meses com a combinação contra 17,6 meses com quimioterapia.
A proporção de pacientes que responderam ao tratamento (taxa de resposta objetiva) foi maior com a combinação comparada com a quimioterapia (56% versus 46%), com benefício ainda maior para pacientes com tumores PD-L1 positivos (59% versus 43%).
A combinação foi bem tolerada. A maioria dos efeitos colaterais foi consequência da quimioterapia e ocorreu em uma taxa semelhante em ambos os grupos de tratamento, com discreto aumento na presença de náusea e tosse no grupo da combinação.
Eventos imuno-relacionados foram raros, sendo o mais comum o hipotireoidismo, que ocorreu em 17,3% dos pacientes que receberam a combinação versus 4,3% do grupo de quimioterapia isolada.
Essa indicação é aprovada sob aprovação acelerada com base na sobrevida livre de progressão. A aprovação continuada para esta indicação pode estar condicionada à verificação e descrição do benefício clínico em estudos confirmatórios.