A agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) aprovou dia 29 de novembro o registro de XOSPATA® (nome genérico: gilteritinib) para o tratamento de pacientes adultos com leucemia mieloide aguda (LMA) recidivada ou refratária, com mutação FLT3. O novo agente é de uso oral e representa a primeira terapia-alvo anti-FLT3 aprovada para esta população de pacientes. Otávio Baiocchi (foto), chefe do Departamento de Oncologia Clínica da Unifesp e coordenador de hematologia do Americas Centro de Oncologia Integrado, comenta a aprovação.
A decisão do FDA é baseada nos resultados do estudo ADMIRAL (NCT02421939), randomizado fase III que inscreveu 371 pacientes com LMA FLT3 mutados. Os resultados mostram taxa de remissão completa com recuperação hematológica parcial (CR/CRh) de 21%, com duração média de 4,6 meses. A taxa de conversão da dependência de transfusão para independência de transfusão a partir de 56 dias após o baseline foi de 31,1%. Para os pacientes que alcançaram CR / CRh, o tempo médio para a primeira resposta foi de 3,6 meses (variando de 0,9 a 9,6 meses).
A avaliação de segurança de XOSPATA baseou-se em 292 doentes com LMA recidivada ou refratária, tratados com 120 mg de gilteritinib por dia. A duração mediana da exposição ao XOSPATA foi de 3 meses (intervalo de 0,1 a 42,8 meses). As reações adversas graves não hematológicas mais frequentes (≥5%) foram pneumonia (19%), sépsis (13%), febre (13%), dispneia (7%) e comprometimento renal (5%). No total, 22 de 292 pacientes (8%) descontinuaram o tratamento devido a uma reação adversa. As reações adversas mais frequentes (> 1%) que levaram à descontinuação foram pneumonia (2%), sepse (2%) e dispneia (1%).
Xospata demonstrou ação em duas mutações FLT3, na duplicação interna em tandem (ITD) e no domínio de tirosina quinase (TKD). A mutação FLT3-ITD afeta aproximadamente 30% dos pacientes com LMA e está associada à piora da sobrevida livre de doença e sobrevida global. A mutação FLT3-TKD afeta aproximadamente 7% dos pacientes com LMA e, embora o impacto seja menos claro, tem sido associada à resistência ao tratamento.
“O tratamento da LMA pouco evoluiu nos últimos 30 anos, apesar de um grande avanço no conhecimento da doença e estratificação de grupos de melhor e pior prognóstico. A aprovação desta droga pelo FDA certamente beneficiará os pacientes com leucemia mieloide aguda e mutação do FLT3, que confere um pior prognóstico para estes pacientes”, afirmou Baiocchi.