A agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso do tucatinibe (Tukysa®, Seattle Genetics, Inc.) em combinação com trastuzumabe e capecitabina em pacientes com câncer de mama HER2+ avançado irressecável ou metastático, incluindo pacientes com metástases cerebrais que receberam um ou mais regimes anti-HER2 anteriores no cenário metastático. A aprovação foi baseada nos resultados do estudo HER2CLIMB.
“Essa aprovação representa uma opção adicional para pacientes com câncer de mama HER2+. O ensaio clínico que apoiou esta aprovação inscreveu e estudou especificamente pacientes com metástases cerebrais ativas, além da população geral registrada, e também demonstrou benefício nesse subgrupo”, observa Richard Pazdur, diretor do Centro de Excelência em Oncologia da FDA e diretor interino do Escritório de Doenças Oncológicas do Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos da FDA.
A análise do pedido de aprovação revisão prioritária ao tucatinib utilizou o programa piloto Real-Time Oncology Review (RTOR), que permite otimizar o envio de dados antes da conclusão e submissão de toda a aplicação clínica. A aplicação também faz parte do Projeto Orbis, uma iniciativa do Centro de Excelência em Oncologia da FDA que fornece uma estrutura para envio e revisão simultâneos de medicamentos para oncologia entre as autoridades internacionais de saúde participantes.
HER2CLIMB
O estudo HER2CLIMB, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, incluiu 612 pacientes com câncer de mama HER2+ localmente avançado ou metastático, irressecável previamente tratados com trastuzumabe, pertuzumabe e ado-trastuzumabe emtansina (T-DM1). 48% por cento dos pacientes no estudo apresentavam metástases cerebrais no início do estudo.
O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP), avaliada por uma revisão central independente cega nos primeiros 480 pacientes randomizados. Desfechos secundários incluíram sobrevida global, sobrevida livre de progressão em pacientes com histórico ou presença de metástases cerebrais e taxa de resposta objetiva confirmada.
Houve redução de 46% no risco de progressão ou morte no braço de tucatinib (HR = 0,54 [IC 95%: 0,42, 0,71]; P <0,00001). A mediana de SLP foi de 7,8 meses versus 5,6 meses e a SLP em 1 ano foi de 33% vs 12%, com superioridade do braço experimental. O risco de morte foi reduzido em 34% no braço de tucatinib (HR = 0,66 [IC 95%: 0,50, 0,88], P = 0,0048). A mediana de SG foi de 21,9 meses vs 17,4 meses e a SG em 2 anos foi de 45% vs 27%.
Entre os pacientes com metástases cerebrais, houve redução de 52% no risco de progressão ou morte (HR = 0,48 [IC 95%: 0,34, 0,69], P <0,00001) no braço tratado com tucatinib. A SLP mediana foi de 7,6 meses vs 5,4 meses e a SLP em 1 ano foi de 25% vs 0% em favor do agente experimental. A ORR confirmada foi significativamente maior no braço de tucatinibe em relação ao braço controle (41% vs. 23%, respectivamente; P = 0,00008).
Em relação ao perfil de segurança, eventos adversos graves ocorreram em 26% dos pacientes que receberam tucatinib. As reações adversas graves incluem diarreia (4%), vômitos (2,5%), náusea, dor abdominal e convulsão (2% cada). As reações adversas mais comuns, que ocorreram em 20% ou mais dos pacientes que receberam tucatinib, incluem diarreia, síndrome mão-pé, náusea, fadiga, hepatotoxicidade, vômitos, estomatite, diminuição do apetite, dor abdominal, dor de cabeça, anemia e erupção cutânea.
Reações adversas que levaram à descontinuação do tratamento ocorreram em 6% dos pacientes que receberam tucatinib. As reações adversas que levaram à descontinuação do tratamento com tucatinib (em 1% ou mais dos pacientes) foram hepatotoxicidade (1,5%) e diarréia (1%).