Pesquisa internacional liderada pela Universidade da Carolina do Norte pode melhorar a detecção do melanoma amelanótico, hoje diagnosticado em estágios avançados. Os resultados foram publicados no JAMA Dermatology e descrevem características-chave ligadas ao melanoma amelanótico, inclusive variantes do gene MC1R.
"O melanoma amelanótico é uma forma de câncer de pele que não possui pigmentação e está ligado a uma pior sobrevida, porque é mais provável que seja diagnosticado em estágios tardios", disse Nancy E. Thomas, primeira autora do estudo. "Identificamos traços fenotípicos que levarão médicos e pacientes a prestar atenção não apenas às lesões pigmentadas, mas também a manchas cor de rosa", alertou.
Evidências mostram que cerca de 2 a 8% dos melanomas são amelanóticos, vistos predominantemente em pacientes brancos e que tipicamente são diagnosticados em estágios mais avançados em relação aos melanomas pigmentados, com maior risco de morte. O melanoma amelanótico pode ficar fora de um critério de diagnóstico comumente usado - as diretrizes ABCDE - que marcam lesões assimétricas, com bordas e cores irregulares, diâmetro maior que 6 milímetros e que evoluíram de tamanho.
"Usando esses critérios diagnósticos, um dermatologista pode perder o melanoma amelanótico porque não há alterações na cor, o que dificulta detectar as bordas irregulares e a assimetria", explicou.
Para identificar o grupo com maior risco de melanoma amelanótico, os pesquisadores analisaram as características de 178 pacientes selecionados de um estudo de 2.995 pacientes com melanoma incluídos no Genes, Environment and Melanoma.
Indivíduos com muitas sardas e características de sensibilidade solar, incluindo cabelo ruivo, olhos de cor clara e incapacidade de bronzear foram o grupo com maior probabilidade de desenvolver melanoma amelanótico, além de indivíduos com variantes do gene MC1R (ligada a cor do cabelo).
"Se os pacientes tiverem esses traços, precisam ser mais cuidadosamente selecionados", disse a pesquisadora. "Esperamos que isso ajude a aumentar a conscientização sobre o potencial de melanoma amelanótico neste grupo", acrescentou.
Referência: Association of Incident Amelanotic Melanoma With Phenotypic Characteristics, MC1R Status, and Prior Amelanotic Melanoma - JAMA Dermatol. Published online July 26, 2017. doi:10.1001/jamadermatol.2017.2444