Os mastologistas brasileiros são bem treinados em reconstrução mamária e cirurgia oncoplástica? Estudo que avaliou o curso de aperfeiçoamento em reconstrução mamária e cirurgia oncoplástica da Santa Casa de São Paulo e da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) mostra que a iniciativa teve impacto positivo na formação de especialistas. O trabalho foi publicado na Frontiers in Oncology e tem como autor sênior o médico Evandro Fallaci Mateus (foto), mastologista do Grupo Oncoclínicas.
Neste estudo, os pesquisadores buscaram avaliar o impacto das técnicas aprendidas no manejo dos pacientes pelos cirurgiões matriculados no curso, bem como caracterizar o seu perfil. Iniciado em 2010, o curso de Aperfeiçoamento em Reconstrução Mamária e Cirurgia Oncoplástica foi criado por professores do Departamento de Mastologia da Santa Casa de São Paulo e da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com a expectativa de contribuir para melhorar o cenário atual da oncoplástica.
No Brasil, menos de um terço dos usuários do sistema público de saúde (SUS) tem acesso à cirurgia de reconstrução imediata. Mateus e colegas descrevem que o baixo índice de reconstruções mamárias tem múltiplas causas e a deficiência na disponibilidade e qualificação técnica dos cirurgiões desempenham papel importante.
Todos os alunos matriculados no Curso de Aperfeiçoamento entre 2010 e 2018 foram convidados a responder um questionário online. Foram excluídos aqueles que não concordaram em responder ao questionário ou que responderam de forma incompleta.
Os resultados mostram que 59 alunos foram incluídos, majoritariamente homens (72%) e com mais de 5 anos de prática de Mastologia (82,2%), com média de idade de 48,9 anos, provenientes de todas as regiões do Brasil.
A maioria dos alunos considerou ter pouco ou nenhum conhecimento sobre reconstrução mamária (74,6%) e 91,5% não consideraram ter aptidão suficiente para realizar reconstruções mamárias após terminarem a residência. No entanto, após o curso de Aperfeiçoamento em Reconstrução Mamária e Cirurgia Oncoplástica, 96,6% se consideraram aptos para realizar essas cirurgias. Mais de 90% dos alunos consideraram que o curso impactou a sua prática e mudou a visão da estratégia cirúrgica. Antes do curso, 84,8% dos alunos afirmaram que menos da metade das pacientes operadas de câncer de mama realizaram reconstrução mamária, contra 30,5% após o curso.
“O Curso de Aperfeiçoamento em Reconstrução Mamária e Cirurgia Oncoplástica impactou positivamente no manejo das pacientes pelos mastologistas”, concluem os autores, destacando que novos centros de formação em todo o mundo podem ajudar muitas mulheres com câncer de mama.
O estudo tem como primeira autora a mastologistaThais B. Fernandes João e como coautores os médicos Vilmar Marques de Oliveira, Fábio Bagnoli, Maria Carolina Soliani Bastos, José Francisco Rinaldi, Fabrício Palermo Brenelli e Evandro Fallaci Mateus.
Referência: Businaro Fernandes João T, de Oliveira VM, Bagnoli F, Bastos MCS, Rinaldi JF, Brenelli FP, Mateus EF. How well are Brazilian mastologists (breast surgeons) trained in breast reconstruction and oncoplastic surgery? A study of the impact of a breast reconstruction and oncoplastic surgery improvement course. Front Oncol. 2023 May 23;13:1139461. doi: 10.3389/fonc.2023.1139461. PMID: 37287926; PMCID: PMC10242663.