Onconews - FOSP publica série histórica e mostra que um terço dos casos de câncer de próstata em SP tem diagnóstico tardio

Dados da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP) mostram que 114.566 casos de câncer de próstata foram contabilizados nos Registros Hospitalares de Câncer (RHC) do Estado de São Paulo, de 2000 a 2020. “Mais uma vez estamos falando do impacto da disparidade socioeconômica na carga do câncer, e isso ocorrendo na região mais desenvolvida do País”, diz Adeylson Guimarães Ribeiro (foto), Diretor Adjunto da FOSP. A série histórica foi publicada como parte do “Novembro Azul”, o mês da conscientização da saúde do homem, e mostra que o estadiamento avançado do câncer de próstata decresce com o aumento da escolaridade, evidenciando desigualdades históricas no acesso à Saúde.

A análise revela que homens acima de 60 anos representaram 39,59% de todos os casos no período e chama a atenção para o estadiamento clínico avançado (III e IV) em aproximadamente um terço dos diagnósticos em homens mais jovens (< 40 anos) e naqueles a partir dos 60 anos de idade. A série histórica da FOSP mostra que, entre os pacientes com câncer de próstata registrados nos RHC de São Paulo, a maioria nasceu na região Sudeste (77,24%), seguida da região Nordeste (17,63%). Para pacientes com estádio clínico I, II e III, a radioterapia e a cirurgia aparecem como as principais modalidades de tratamento empregadas (veja gráfico abaixo). Entre homens sem escolaridade, 43% foram diagnosticados com doença avançada, contra 26% entre aqueles com ensino superior.

O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer que mais afeta a população masculina, atrás apenas do câncer do pulmão, excluindo os tumores de pele não melanoma. Entre os fatores de risco estão idade (> 50 anos), sobrepeso e obesidade, hereditariedade e raça, com maior incidência em afrodescendentes. O Ministério da Saúde, assim como a Organização Mundial de Saúde (OMS), não recomendam o rastreamento. “Não há evidências de que o rastreamento populacional tem impacto na redução da mortalidade. Mas na presença de sintomas ou quando há histórico familiar de câncer de próstata, a investigação é recomendada”, destaca Adeylson.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), para cada ano do triênio de 2023 a 2025 são estimados 71.730 novos casos de câncer de próstata no Brasil, com incidência de 67,86 casos da doença a cada 100 mil homens.

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