Várias diretrizes enfatizam a necessidade de atendimento abrangente centrado na pessoa, incluindo intervenções psicossociais, nutricionais e de atividade física antes, durante e depois do tratamento do câncer. Em artigo no JCO Global Oncology, Cristiane Bergerot (foto) e colegas revisam as recomendações estabelecidas para avaliar as necessidades de atendimento de suporte em pacientes com câncer e discutem os recursos disponíveis, particularmente a telessaúde, com o objetivo de otimizar a prestação de cuidados e garantir assistência personalizada ao paciente durante a sua jornada contra o câncer.
Nesta revisão, Bergerot et al. exploram as diretrizes atuais para integrar suporte psicossocial, nutrição e atividade física no tratamento do câncer, com foco em soluções de telessaúde. Os autores consideraram as principais recomendações publicadas entre 2020 e 2024. Além disso, foram incluídos artigos relevantes dos arquivos pessoais dos autores.
“A National Comprehensive Cancer Network e a ASCO reconhecem a necessidade de avaliações psicossociais regulares e o gerenciamento de transtornos psiquiátricos comuns. A American Cancer Society e a Academy of Nutrition and Dietetics recomendam triagem nutricional, aconselhamento personalizado e exercícios para melhorar a tolerância ao tratamento e a qualidade de vida global. Apesar dessas recomendações, desafios como limitações de recursos, restrições de tempo e barreiras financeiras dificultam sua implementação”, analisam os autores, que destacam a telessaúde como solução viável para superar barreiras ao fornecer acesso remoto a serviços de suporte, facilitar o atendimento abrangente e promover o envolvimento do paciente.
A análise contextualiza a importância da telessaúde como ferramenta valiosa na prestação de cuidados de suporte, principalmente depois que a pandemia da COVID-19 destacou a utilidade das soluções de e-health para superar barreiras geográficas e fornecer acesso a cuidados especializados, mesmo em áreas remotas ou carentes. “Organizações governamentais em todo o mundo estão cada vez mais transferindo atividades presenciais para plataformas baseadas na web, uma mudança que destacou as inúmeras vantagens da tecnologia digital. Isso também foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como abordagens viáveis, aceitáveis e eficazes para fornecer cuidados de suporte”, sublinham os autores.
A partir das diretrizes disponíveis, a revisão conclui que a telessaúde deve ser integrada ao atendimento presencial tradicional, usando um modelo híbrido que equilibre os benefícios de ambas as modalidades. “Essa abordagem abrangente para implementação é essencial para tornar a telessaúde uma ferramenta escalonável e eficaz em oncologia, melhorando a qualidade do atendimento e expandindo o acesso a serviços de suporte essenciais”, analisam.
A íntegra do artigo original está em acesso aberto no JCO Global Oncology (Vol.10 ).
Além de Cristiane Decat Bergerot, da Oncoclinicas&Co —Medica Scientia Innovation Research (MEDSIR), o trabalho tem a participação de Paulo Gustavo Bergerot (Oncoclínicas&Co/MEDSIR), Errol J. Philip ( Universidade da California), Renata Ferrari (Oncoclínicas&Co/MEDSIR), Rafaela Mota Peixoto (Oncoclínicas&Co/MEDSIR), Tracy E. Crane (Divisão de Oncologia da Universidade de Miami), Kathryn H. Schmitz (Universidade de Pittsburgh) e Enrique Soto-Perez-de-Celis (Divisão de Oncologia, Universidade do Colorado, Anschutz Medical Campus).
Referência:
Cristiane Decat Bergerot et al., Enhancing Cancer Supportive Care: Integrating Psychosocial Support, Nutrition, and Physical Activity Using Telehealth Solutions. JCO Glob Oncol 10, e2400333(2024). DOI:10.1200/GO-24-00333