Onconews - Genotipagem do HPV no rastreio e prevenção do câncer

juliana marcelo 2024Marcelo A. Soares (foto), do Programa de Oncovirologia do Instituto Nacional do Câncer (INCA), é autor sênior de estudo que comparou quatro metodologias para detecção e genotipagem do papilomavírus humano (HPV) e destaca como essa caracterização é uma ferramenta importante no rastreio e prevenção do câncer. A pesquisadora Juliana Domett Siqueira é a primeira autora do trabalho. 

O HPV é reconhecido como agente causador do câncer do colo do útero e está associado a diferentes tipos de câncer anogenitais não cervicais e orofaríngeos, representando um problema global de saúde pública como uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns em todo o mundo. Com base numa estimativa de 2010, 11,7% das mulheres com citologia normal estão infectadas pelo HPV.

Neste estudo, Soares e colegas compararam quatro metodologias para detecção e genotipagem do HPV: PCR em tempo real (teste Cobas® HPV), nested PCR seguido de sequenciamento Sanger convencional, hibridização reversa (kit High + Low PapillomaStrip®) e sequenciamento de nova geração (NGS).

Amostras cervicais de pacientes acompanhados na Estratégia Saúde da Família de Juiz de Fora, Minas Gerais, foram coletadas e submetidas à PCR em tempo real. Destas, 114 foram incluídas neste estudo de acordo com os resultados obtidos com a PCR em tempo real, aqui considerada método padrão ouro. Para as 110 amostras testadas por pelo menos uma metodologia além da PCR em tempo real, o NGS apresentou as taxas de concordância mais baixas de HPV e identificação de HPV de alto risco em comparação com os outros três métodos (67-75%). A PCR em tempo real e o sequenciamento Sanger mostraram as maiores taxas de concordância (97–100%). Todos os métodos diferiram em sua sensibilidade e especificidade.

“A genotipagem do HPV contribui para a estratificação do risco individual, decisões terapêuticas, estudos epidemiológicos e desenvolvimento de vacinas, apoiando abordagens na prevenção, cuidados de saúde e gestão da infecção pelo HPV”, destacam os autores.

Em 2020, foram estimados 600 mil novos casos de câncer do colo do útero e 341 mil mulheres morreram da doença, com mais de 90% destas mortes em países de baixo e médio rendimento. Dados do INCA mostram que o câncer do colo do útero representa o terceiro câncer mais frequente na população feminina e a quarta principal causa de morte por câncer no Brasil.

Além de Marcelo e Juliana, o trabalho tem a participação de Brunna M. Alves (INCA), Adriana B.C. Castelo Branco (INCA), Kristiane C.D. Duque (Instituto Federal de Santa Catarina), Maria Teresa Bustamante-Teixeira (Universidade Federal de Juiz de Fora), Esmeralda A. Soares (INCA), José Eduardo Levi (Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, USP) e Gulnar Azevedo e Silva (Instituto de Medicina Social, UERJ).

A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto, no periódico Heliyon.

Referência: Heliyon. 2024 Feb 15; 10(3): e25474. Published online 2024 Jan 30. doi: 10.1016/j.heliyon.2024.e25474