Artigo de Matteo et al. no Journal of Clinical Oncology mostra que olaparibe melhorou os resultados versus abiraterona ou enzalutamida no câncer de próstata metastático resistente a castração (mCRPC) em pacientes com mutações nos genes BRCA e progressão da doença após tratamento com agente hormonal de próxima geração. Os dados são de análise do estudo PROfound e evidenciam benefício significativo de olaparibe na sobrevida livre de progressão radiográfica (rSLP) e sobrevida global (SG) em relação aos controles.
O ensaio PROfound de fase III (NCT02987543) incluiu pacientes com alteração em genes de reparo de recombinação homóloga por meio de testes de tecido tumoral. Nesta análise, foram avaliados para rSLP e SG um total de 160 pacientes com mutações BRCA (13 com alterações somente em BRCA1, 128 com alterações somente em BRCA2 e 19 com alterações em BRCA1 e/ou BRCA2 mais uma alteração genômica). Os endpoints de rPFS e SG foram estimados pelo método de Kaplan-Meier. A taxa de resposta objetiva (ORR) confirmada e a segurança também foram avaliadas.
Os resultados de Matteo et al. mostram que olaparibe foi associado a rSLP (razão de risco [HR], 0,22 [IC 95%, 0,15 a 0,32]) e SG (HR, 0,63 [IC 95%, 0,42 a 0,95]) prolongadas em relação aos controles. Os autores descrevem que o benefício de rSLP com olaparibe foi observado em todos os subgrupos de zigosidade (bialélico [n = 88]; HR, 0,08 [IC 95%, 0,04 a 0,16], heterozigoto [n = 15] e desconhecido [n = 57]; HR, 0,30 [IC 95%, 0,16 a 0,60]).
Em pacientes com deleções homozigóticas de BRCA2 (n = 16), a mediana de rSLP com olaparibe foi de 16,6 meses [IC 95%, 9,3 até não alcançado]). A análise do DNA da linha germinativa foi realizada em 112 (70%) pacientes; o risco de progressão da doença foi semelhante para pacientes com alterações germinativas no BRCA (n = 61; HR, 0,08 [IC 95%, 0,03 a 0,18]) e alterações somáticas (n = 51; HR, 0,16 [IC 95%, 0,07 a 0,37]).
Em conclusão, o ensaio PROfound atingiu seus principais endpoints primários e secundários, demonstrando que olaparibe melhorou os resultados versus abiraterona ou enzalutamida em pacientes com mCRPC com alterações BRCA com progressão da doença após tratamento com agente hormonal de próxima geração, em todos os subgrupos avaliados.
A análise confirma a importância desses resultados, considerando que aproximadamente 10% dos pacientes com mCRPC apresentam alterações nos genes BRCA1 e BRCA2, que estão associados a doenças mais agressivas e piores resultados.
Referência: Joaquin Mateo et al., Olaparib for the Treatment of Patients with Metastatic Castration-Resistant Prostate Cancer and Alterations in BRCA1 and/or BRCA2 in the PROfound Trial. JCO 42, 571-583(2024). DOI:10.1200/JCO.23.00339