Estudo publicado no JAMA Oncology mostra que a gestão de subtipos moleculares nas mutações KIT / PDGFRA impacta os resultados clínicos de longo prazo em pacientes com tumor estromal gastrointestinal avançado (GIST) tratados com mesilato de imatinibe na primeira linha. GIST é o sarcoma mais comum do trato gastrointestinal.
O estudo de seguimento do SWOG S0033, um ensaio clínico randomizado com 695 adultos com GIST avançado e/ou metastático tratados com mesilato de imatinibe na primeira linha, mostrou que a estimativa de sobrevida livre de progressão e sobrevida global aos 10 anos foi de 7% e 23%, respectivamente, com resultados superiores em pacientes com mutação KIT exon 11 e naqueles sem mutações KIT / PDGFRA (principalmente em tumores com mutações na succinato desidrogenase).
A conclusão dos autores corrobora achados já disponíveis, sugerindo que um subgrupo de pacientes com GIST avançado e/ou metastático se beneficia do tratamento com imatinibe na primeira linha, especialmente aqueles com tumores estromais gastrointestinais com mutação de KIT exon 11 e mutações na succinato desidrogenase.
O estudo
Após a identificação das mutações ativadoras do gene KIT no tumor estromal gastrointestinal (GIST) - o sarcoma mais comum do trato gastrointestinal - um estudo de fase II demonstrou a eficácia do mesilato de imatinibe em doentes com GIST metastático que abrigavam mutação do KIT exon 11. Os resultados iniciais do seguimento de longo prazo encontraram um benefício de sobrevida neste subgrupo de pacientes, com novos dados moleculares associados aos resultados do tratamento.
A coleta de dados pós-protocolo ocorreu de 29 de agosto de 2011 a 15 de julho de 2015. Usando modernas tecnologias de sequenciamento, 20 casos originalmente classificados como tumores do tipo selvagem sofreram reanálise. Este estudo intergrupos foi coordenado pelo SWOG, com a participação de membros e instituições afiliadas.
Métodos
Os doentes foram randomizados para receber mesilato de imatinibe na dose de 400 mg uma vez por dia versus 400 mg duas vezes por dia e foram tratados até progressão da doença ou efeitos tóxicos inaceitáveis da droga.
O endpoint primário foi a sobrevida global. Os dados de sobrevida atualizados foram correlacionados com fatores clínicos e moleculares e os padrões de terapias pós-protocolo foram relacionados e descritos em sobreviventes a longo prazo.
Resultados
De 695 pacientes elegíveis (376 homens [54,1%] e 319 mulheres [45,9%], com média de idade de, 60,1 anos) 189 sobreviveram 8 anos ou mais, incluindo 95 na dose de 400 mg/d e 94 no braço de 800 mg/d. A estimativa de sobrevida global aos 10 anos foi de 23% (95% IC, 20% -26%). Entre 142 sobreviventes de longa duração, o imatinibe foi a única terapia administrada em 69 (48,6%), com outros agentes sistêmicos administrados a 54 pacientes (38,0%).
O resequenciamento de 20 casos originalmente classificados como KIT / PDGFRA wild-type revelou que 17 (85,0%) abrigaram mutações patogênicas, mais comumente associadas a succinato desidrogenase.
Em conclusão, um subconjunto de pacientes com GIST metastático experimenta sobrevida duradoura com o tratamento com imatinibe. O estudo fornece orientações para a gestão dos subtipos moleculares mais comuns no tratamento de GIST (KIT e PDGFRA). Clinicaltrials.gov: NCT00009906.
Referência: Correlation of Long-term Results of Imatinib in Advanced Gastrointestinal Stromal Tumors With Next-Generation Sequencing Results - Analysis of Phase 3 SWOG Intergroup Trial S0033 - JAMA Oncol. Published online February 9, 2017. doi:10.1001/jamaoncol.2016.6728