O Gynecologic Oncology Group avaliou carboplatina mais paclitaxel (TC) como alternativa não-inferior ao regime de paclitaxel-doxorrubicina-cisplatina (TAP) no tratamento de câncer endometrial. Os resultados foram publicados por Miller et al. no Journal of Clinical Oncology. “O estudo GOG 209, agora publicado na JCO, demonstrou a não inferioridade do esquema TC comparado ao TAP. Desde sua apresentação, a combinação de carboplatina e paclitaxel passou a ser utilizada como esquema padrão no câncer de endométrio”, afirma o oncologista Eduardo Paulino (foto), médico do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do Grupo Oncoclínicas.
GOG0209 é um ensaio clínico de Fase III, randomizado, desenhado para avaliar a não-inferioridade de TAP versus TC no câncer de endométrio. Foram inscritos pacientes com doença estágio III-IV e doença recorrente; performance status 0-2; e função renal, hepática e medular adequada. Radioterapia e / ou terapia hormonal prévia foram permitidas, mas não a quimioterapia.
Os pacientes elegíveis foram tratados com doxorrubicina 45 mg / m2 e cisplatina 50 mg / m2 (dia 1), seguido de paclitaxel 160 mg / m2 (dia 2) com fator estimulador de colônia de granulócitos ou paclitaxel 175 mg / m2 e área sob a curva de carboplatina 6 (dia 1) a cada 21 dias por sete ciclos. O endpoint primário foi sobrevida global (SG). Endpoints secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP), qualidade de vida relacionada à saúde (HRQoL) e toxicidade.
Resultados
De 2003 a 2009, 1.381 mulheres foram inscritas. Miller et al. reportam que a não-inferioridade de TC para TAP foi demonstrada para SG (mediana, 37 v 41 meses, respectivamente; taxa de risco [HR], 1,002; IC 90%, 0,9 a 1,12) e SLP (mediana, 13 v 14 meses; HR, 1,032; IC de 90%, 0,93 a 1,15). “Como demonstrada não-inferioridade ao TAP, TC é o padrão global de primeira linha para câncer endometrial avançado”, concluem os autores.
A análise de segurança mostra que febre neutropênica foi relatada em 7% dos pacientes tratados com TAP e em 6% daqueles que receberam TC. Neuropatia sensorial de grau> 2 ocorreu em 26% dos pacientes que receberam TAP e em 20% dos tratados com TC (P = 0,40). Mais eventos de trombocitopenia de grau ≥ 3 (23% v 12%), vômitos (7% v 4%), diarreia (6% v 2%) e toxicidades metabólicas (14% v 8%) foram relatados com TAP. A neutropenia (52% v 80%) foi mais comum com TC. Pequenas diferenças de QVRS favoreceram o grupo TC.
“Este estudo traz como pontos relevantes a utilização de um esquema familiar aos oncologistas, amplamente utilizado em ginecologia oncológica, de fácil manejo e com perfil de toxicidade favorável quando comparado ao esquema tríplice”, conclui Paulino.
Referência: Miller et al. Carboplatin and Paclitaxel for Advanced Endometrial Cancer: Final Overall Survival and Adverse Event Analysis of a Phase III Trial (NRG Oncology/GOG0209). DOI: 10.1200/JCO.20.01076