A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) publicou um guideline com recomendações para o manejo da osteoporose em adultos sobreviventes de câncer com doença não-metastática. O Painel de Especialistas considerou a revisão sistemática de 2018 da US Preventive Services Task Force na população sem câncer, além de 61 estudos adicionais sobre tópicos e populações não abordados na revisão. O documento foi publicado online no Journal of Clinical Oncology (JCO).
O guideline recomenda que pacientes com câncer não metastático que atendam a qualquer um dos seguintes critérios sejam considerados com maior risco de desenvolver fraturas osteoporóticas: idade avançada; tabagismo; consumo excessivo de álcool; história de fraturas prévias não traumáticas na idade adulta; hipogonadismo; mobilidade prejudicada; aumento dos riscos de quedas; exposição prolongada a glicocorticoides; baixo peso corporal; história parental de fratura de quadril; e status pós-menopausa.
Os autores ressaltam que os médicos devem estar cientes de que o tratamento anticâncer do paciente (por exemplo, inibidores da aromatase, antiandrogênicos ou agonistas da GnRH ou CIOF) pode resultar em risco aumentado de fratura osteoporótica em curto ou longo prazo, e levar consideração o tratamento como potencialmente agregador ao risco no baseline.
Uma ferramenta de avaliação de risco (por exemplo, a Ferramenta de Avaliação de Risco de Fratura da OMS [FRAX]) deve ser utilizada para quantificar as estimativas de risco para fratura osteoporótica em pacientes adultos com câncer não metastático. “As ferramentas de avaliação de risco existentes não foram validadas em pacientes com câncer, por isso é importante a avaliação clínica na interpretação dos resultados”, observam os autores.
Pacientes com um ou mais fatores de risco para fratura osteoporótica devem receber testes de densidade mineral óssea (DMO) com absorciometria por raios X de dupla energia (DXA). Quando o DXA não estiver disponível, devem ser oferecidos outros testes de densidade mineral óssea.
Pacientes com prescrição de medicamentos que causam perda óssea ou cuja densidade mineral óssea no baseline ou subsequente esteja próxima do limiar do tratamento com FRAX devem ser submetidos a testes de DMO a cada 2 anos, ou com maior frequência (frequência máxima de um exame anual).
Intervenção não farmacológica
Os médicos devem incentivar os pacientes a consumir uma dieta com cálcio e vitamina D adequados. Se a ingestão de cálcio (1.000 a 1.200 mg/d) e vitamina D (pelo menos 800 a 1.000 UI/d) não estiver sendo consumida, é recomendável o uso de suplementos.
Também é indicado uma combinação de tipos de exercícios, incluindo treinamento de equilíbrio, exercícios de flexibilidade ou alongamento, exercícios de resistência e exercícios de resistência e / ou fortalecimento progressivo, para reduzir o risco de fraturas causadas por quedas. O exercício deve ser adaptado às necessidades e habilidades de cada paciente. Além disso, a cessação do tabagismo e limitar o consumo de álcool devem ser incentivados, pois são fatores de risco para osteoporose.
Intervenção Farmacológica
Para pacientes com câncer não metastático com osteoporose (escores T de -2,5 ou menos no colo do fêmur, quadril total ou coluna lombar) ou que apresentam risco aumentado de fraturas osteoporóticas, podem ser oferecidos agentes modificadores ósseos, como bisfosfonatos orais, bisfosfonatos intravenosos (IV) ou denosumabe subcutâneo.
As terapias hormonais para tratamento da osteoporose (por exemplo, estrógenos) geralmente são evitadas em pacientes com câncer hormônio-responsivo. Para essa população de pacientes, os estrógenos podem ser oferecidos juntamente com outros agentes modificadores ósseos. “A escolha do agente modificador ósseo deve se basear em aspectos como a preferência do paciente, possíveis efeitos adversos, considerações de qualidade de vida, adesão, segurança, custo e disponibilidade”, observam.
Entre os pacientes considerados candidatos aos agentes modificadores ósseos estão mulheres na pré-menopausa que recebem terapias com GnRH que causam supressão ovariana ou com CIOF ou que foram submetidas a uma ooforectomia; mulheres na pós-menopausa que estão recebendo inibidores da aromatase; homens que receberam ou estão recebendo terapia de privação de androgênio; pacientes submetidos ou com histórico de transplante de medula óssea; e pacientes com uso crônico (> 3 a 6 meses) de glicocorticoide.
Referência: Management of Osteoporosis in Survivors of Adult Cancers With Nonmetastatic Disease: ASCO Clinical Practice Guideline – Charles Shapiro et al – DOI: 10.1200/JCO.19.01696 Journal of Clinical Oncology - Published online September 18, 2019.