Onconews - Guidelines para terapias complementares

yoga.jpgMais de 80% dos pacientes com câncer de mama nos Estados Unidos utilizam terapias complementares, mas há pouca base científica sobre sua segurança e eficácia. Agora, a Sociedade de Oncologia Integrativa, com participação dos principais centros de câncer norte-americanos, traz os resultados de um estudo realizado de 1990 a 2013 e mostra que meditação, relaxamento e yoga têm evidência como terapias complementares.

“A prática também é comum no Brasil, mas não temos um levantamento com dados exatos para quantificar o uso de terapias integrativas, embora a prática tenha sido incorporada pelo SUS”, afirma Ricardo Caponero, oncologista clínico da Clinonco e diretor científico da Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP).
 
Segundo Heather Greenlee, professor assistente de epidemiologia na Columbia's Mailman School of Public Health e presidente da Sociedade de Oncologia Integrativa, a maioria dos pacientes com câncer de mama têm experimentado terapias integrativas para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.“Mas das dezenas de produtos e práticas comercializadas aos pacientes, apenas algumas têm atualmente uma forte base de evidências", diz.
 
Caponero concorda com a falta de evidências e vê com bons olhos o surgimento de diretrizes, seja para estabelecer uma norma padrão para aplicação, evitando abusos, como para servir de ponto de partida para a discussão. “Existem algumas evidências científicas, mas elas são fracas em função da metodologia inadequada da maioria dos estudos clínicos realizados com essas terapêuticas”, diz.
 
Em uma análise realizada por pesquisadores da Columbia University's Mailman  School of Public Health e do Herbert Irving ComprehensiveCancer Center, além de colegas do MD Anderson Cancer Center, University of Michigan, Memorial Sloan Kettering, entre outras instituições dos Estados Unidos e Canadá, foram avaliados ensaios clínicos randomizados controlados realizados de 1990 a 2013 entre os pacientes com câncer de mama que testaram 80 terapias complementares juntamente com cuidado padrão, definido como cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapia hormonal. As descobertas foram apresentadas na 11ª Conferência Internacional da Sociedade de Oncologia Integrativa, em Houston, Texas, e publicada no Journal of the National Cancer Institute Monograph.
 
Com base em um conjunto de diretrizes desenvolvidas pelo Instituteof Medicine, os pesquisadores consideraram a magnitude e o tipo de benefícios e danos, juntamente com a qualidade e o tamanho do estudo. Dos 4.900 artigos de pesquisa revisados, 203 preencheram os critérios para a análise final. As recomendações foram organizadas pelo resultado clínico e classificadas de acordo com o sistema de classificação do U.S. Preventive Services Task Force.
 
Resultados
 
De acordo com as novas diretrizes recomendadas pela Sociedade de Oncologia Integrativa, meditação, relaxamento com imagens e yoga têm a mais forte evidência científica para apoiar a sua utilização como terapias complementares para o tratamento de câncer de mama. Elas receberam nota "A" para sua utilização rotineirano tratamento da ansiedade e outros transtornos do humor que são frequentemente observados em pacientes submetidos a tratamento. As mesmas técnicas receberam grau "B" para diminuir a depressão, fadiga e stress, mas também são endossadas para a maioria dos pacientes com câncer de mama.
 
Acupuntura recebeu nota "B" para controle de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia e pode ser recomendada para a maioria dos pacientes. Mais de 30 intervenções, incluindo alguns produtos naturais e acupuntura para outras condições, tinham fracas evidências de benefício, seja por resultados conflitantes ou pelo tamanho pequeno dosestudos, e receberam nota "C". Segundo o guideline, sete outras terapias não fornecem qualquer benefício e não são recomendadas, e uma terapia verificou-se prejudicial: foi considerado que o acetil-L-carnitina, comercializado para prevenir a neuropatia relacionada com a quimioterapia, na verdade, aumenta o risco para a doença.
 
Referência:  http://jncimono.oxfordjournals.org/content/2014/50/346.full?sid=57d1688c-1f34-43e9-bee1-7fdd9d218d0d