Onconews - Hiroshima e Nagasaki: o risco de câncer entre os filhos de sobreviventes

radiacao_simbolo_radioatividade.jpgUm estudo de coorte prospectivo avaliou 75.327 crianças geradas por sobreviventes da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, nascidas entre 1946 e 1984 e acompanhadas até 31 de dezembro de 2009. Os resultados demonstram que não houve associação entre a exposição materna ou paterna à dose gonadal de radiação e o aumento do risco de morte causada por câncer.

Os filhos de pessoas expostas às bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki não apresentaram indícios de efeitos deletérios à saúde, mesmo a partir da sexta década de vida. Estudos epidemiológicos complementados por técnicas moleculares são necessários para entender os efeitos globais da exposição a radiações ionizantes em seres humanos.
 
O acompanhamento foi em média por 54,3 anos (45,4–59,3) e no período 5.183 participantes morreram de causas associadas a patologias. A média de idade das 68.689 crianças sobreviventes foi de 53, 1 anos no final do follow-up, quando 15.623 indivíduos pesquisados (23%) tinham idade superior a 60 anos. Para os pais expostos a uma dose gonadal de radiação, a dose média foi de 264 mGy.
 
Os pesquisadores não identificaram nenhuma associação entre a exposição materna à dose gonadal de radiação e o risco de morte causada por câncer. Para a exposição a 1 Gy o risco de morte por câncer foi de 0, 891 (p= 0,36), sem diferenças significativas para o risco de morte causada por outras doenças que não o câncer, avaliado em 0, 973 (p = 0 · 69).
 
Da mesma forma, a exposição paterna à dose gonadal de radiação não teve efeito sobre as mortes causadas por câncer (0, 815; p = 0,14) ou mortes causadas por outras doenças não associadas a neoplasias. 

Interpretação 

Efeitos tardios da exposição a radiações ionizantes incluem o aumento do risco de mortalidade, e os modelos dos efeitos transgeracionais de exposição à radiação podem predizer doenças genéticas mais presentes nos filhos de pessoas expostas à radiação. No entanto, filhos de pessoas expostas às bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki não tinham indícios de efeitos deletérios à saúde aos 62 anos. Estudos epidemiológicos complementados por técnicas moleculares são necessários para entender os efeitos globais da exposição a radiações ionizantes em seres humanos
 
Referência: Risk of death among children of atomic bomb survivors after 62 years of follow-up: a cohort studyDr Eric J Grant,  Kyoji Furukawa, Ritsu SakataHiromi Sugiyama,Atsuko SadakaneIkuno Takahashi, Mai UtadaYukiko Shimizu,Kotaro Ozasa