Onconews - IARC avalia carcinogenicidade da hidroclorotiazida, voriconazol e tacrolimus

A Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) avaliou a carcinogenicidade da hidroclorotiazida, voriconazol e tacrolimus. O resultado da análise foi publicado por Corigliano et al. no Lancet Oncology e será tema do volume 137 das monografias da IARC, que será publicado em 2025.

Em novembro de 2024, um Grupo de Trabalho de 22 cientistas de 14 países se reuniu na sede da IARC em Lyon, França, para finalizar a avaliação da carcinogenicidade de hidroclorotiazida, voriconazol e tacrolimus.

O Grupo de Trabalho avaliou a hidroclorotiazida, o voriconazol e o tacrolimus como carcinogênicos para humanos (Grupo 1), com base em evidências suficientes de câncer em humanos para cada agente. Para o tacrolimus, uma avaliação do Grupo 1 também foi alcançada com base em evidências suficientes de câncer em animais experimentais e fortes evidências mecanicistas em humanos expostos.

Corigliano e colegas descrevem que houve evidências “suficientes” de que a hidroclorotiazida causa carcinoma espinocelular (CEC) de pele e câncer de lábio. As evidências foram consideradas “limitadas” para carcinoma basocelular e melanoma de pele, carcinoma de células de Merkel e tumores malignos de pele anexiais, diante de associações mais fracas ou de menos estudos.

Voriconazol é um medicamento antifúngico triazólico de amplo espectro, usado como tratamento curativo ou como profilaxia para aspergilose invasiva e outras infecções fúngicas graves, especialmente comuns em receptores de transplante. Houve evidência "suficiente" de que voriconazol causa CEC de pele em humanos. “Vários estudos entre receptores de transplante mostraram uma associação positiva entre o uso de voriconazol e a incidência de CEC cutâneo”, ilustram os autores.

Tacrolimus é um inibidor de calcineurina usado como medicamento imunossupressor. “É administrado como formulações orais e intravenosas, sozinho ou em combinação com outros medicamentos, para reduzir o risco de rejeição de transplantes de órgãos sólidos em pacientes adultos e pediátricos, e para prevenção da doença do enxerto contra o hospedeiro em receptores de transplante de células-tronco. O tacrolimus tópico é indicado como terapia de segunda linha para tratamento de dermatite atópica e vitiligo”.

A avaliação do Grupo de Trabalho da IARC é de evidência "suficiente" de que tacrolimus causa linfoma não-Hodgkin (LNH) e distúrbio linfoproliferativo pós-transplante em humanos.

Referência:

Cogliano VJ, Corsini E, Fournier A, Nelson HH, Sergi CM, Antunes AMM, et al. Carcinogenicity of hydrochlorothiazide, voriconazole, and tacrolimus. The Lancet Oncology, https://doi.org/10.1016/S1470-2045(24)00685-5

 

 

Monograph Working Group Members VJ Cogliano (USA) – Meeting Chair; E Corsini (Italy); A Fournier (France); HH Nelson (USA); CM Sergi (Canada) – Subgroup Meeting Chairs; AMM Antunes (Portugal); EK Cahoon (USA); G Chen (Canada); T Duarte-Salles (Spain); E Engels (USA); J Fu (China); D Germolec (USA); R Ghiasvand (Norway); B Hicks (UK); BJ Jean-Claude (Canada); GB Jena (India); CM Lerche (Denmark); X Li (USA); A Lupattelli (Norway); TP Ong (Brazil); L Vega (Mexico); DR Withrow (UK)