A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o anti-PD-L1 durvalumabe (Imfinzi®, AstraZeneca) no tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células pequenas (CPCP) em estágio limitado cuja doença não progrediu após quimiorradioterapia concomitante à base de platina. Publicada no Diário Oficial da União1 dia 02 de dezembro, a decisão é baseada nos resultados positivos do estudo de Fase 3 ADRIATIC, publicado na New England Journal of Medicine (NEJM)2.
ADRIATIC é um estudo multicêntrico, global, de Fase 3, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo que avalia a monoterapia com durvalumabe e durvalumabe mais tremelimumabe (Imjudo®, Astrazeneca) versus placebo no tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células pequenas em estágio limitado que não progrediram após cCRT.
Os pacientes foram randomizados para receber durvalumabe na dose de 1500 mg, durvalumabe (1500 mg) mais tremelimumabe na dose de 75 mg (apenas quatro doses) ou placebo a cada 4 semanas por até 24 meses. A randomização foi estratificada de acordo com o estágio da doença (I ou II versus. III) e recebimento de irradiação craniana profilática (sim versus não).
Foram relatados os resultados da primeira análise interina planejada dos dois endpoints primários de sobrevida global e sobrevida livre de progressão (avaliados com base em revisão central independente cega de acordo com os Critérios de Avaliação de Resposta em Tumores Sólidos, versão 1.1) com durvalumabe em comparação com placebo (data de corte de dados, 15 de janeiro de 2024); os resultados no grupo durvalumabe–tremelimumabe permanecem cegos.
Um total de 264 pacientes foram randomizados para o braço durvalumabe, 200 para o braço durvalumabe–tremelimumabe e 266 para o braço placebo. A terapia com durvalumabe levou a uma sobrevida global significativamente maior do que o placebo (mediana, 55,9 meses [intervalo de confiança {IC} de 95%, 37,3 a não atingido] vs. 33,4 meses [IC de 95%, 25,5 a 39,9]; razão de risco para morte, 0,73; IC de 98,321%, 0,54 a 0,98; P=0,01), bem como a uma sobrevida livre de progressão significativamente maior (mediana de 16,6 meses [IC de 95%, 10,2 a 28,2] vs. 9,2 meses [IC de 95%, 7,4 a 12,9]; razão de risco para progressão ou morte, 0,76; IC de 97,195%, 0,59 a 0,98; P=0,02).
A incidência de eventos adversos com grau máximo de 3 ou 4 foi de 24,4% entre os pacientes que receberam durvalumabe e 24,2% entre os pacientes que receberam placebo; eventos adversos levaram à descontinuação em 16,4% e 10,6% dos pacientes, respectivamente, e levaram à morte em 2,7% e 1,9%. Pneumonite ou pneumonite por radiação com grau máximo de 3 ou 4 ocorreu em 3,1% dos pacientes no grupo durvalumabe e em 2,6% daqueles no grupo placebo.
“A terapia adjuvante com durvalumabe levou a uma sobrevida global e sobrevida livre de progressão significativamente maiores em comparação com placebo entre os pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado”, concluíram os autores.
O estudo ADRIATIC é financiado pela AstraZeneca e está registrado em ClinicalTrials.gov, NCT03703297.
Referências:
1 - Cheng Y, Spigel DR, Cho BC, Laktionov KK, Fang J, Chen Y, Zenke Y, Lee KH, Wang Q, Navarro A, Bernabe R, Buchmeier EL, Chang JW, Shiraishi Y, Goksu SS, Badzio A, Shi A, Daniel DB, Hoa NTT, Zemanova M, Mann H, Gowda H, Jiang H, Senan S; ADRIATIC Investigators. Durvalumab after Chemoradiotherapy in Limited-Stage Small-Cell Lung Cancer. N Engl J Med. 2024 Oct 10;391(14):1313-1327. doi: 10.1056/NEJMoa2404873. Epub 2024 Sep 13. PMID: 39268857.
2 – Diário Oficial da União – Resolução-RE nº 4.411, de 28 de novembro de 2024 – Publicado em: 02/12/2024 | Edição: 231 | Seção: 1 | Página: 241 Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-re-n-4.411-de-28-de-novembro-de-2024-598832735