A Anvisa ampliou a indicação de uso de ibrutinibe (Imbruvica®, Pharmacyclics/Janssen), agora para o tratamento de pacientes com linfoma de células do manto (LCM) recorrente ou refratário. A indicação foi publicada no Diário Oficial da União dia 4 de julho. Daniel Tabak (foto), Diretor Médico do Centro de Tratamento Oncológico (CENTRON), no Rio de Janeiro, comenta para o Onconews.
Ibrutinib é um inibidor da tirosina-quinase de Bruton e a aprovação para pacientes com LCM previamente tratados teve como base o estudo de fase III que avaliou o uso de ibrutinibe em pacientes que já haviam recebido pelo menos um esquema prévio de quimioterapia associada a rituximabe.
O estudo randomizou 280 pacientes para receber ibrutinib (n= 139) ou o inibidor de mTOR temsirolimus (n=141). A taxa de resposta foi de 72% com ibrutinibe versus 40% com temsirolimus. Os resultados mostraram aumento significativo na sobrevida livre de progressão, com mediana de 14,6 meses versus 6,2 meses a favor de ibrutinibe (hazard ratio 0·43 [95% CI 0·32–0·58],(p<0·0001). A resposta por período ≥ 18 meses ocorreu em 58% dos pacientes tratados com ibrutinibe vs 20% entre os que receberam temsirolimus.
"O ibrutinibe representa uma alternativa importante no tratamento de pacientes portadores de linfoma do manto que apresentam uma recidiva após o tratamento inicial. Quando usado de forma isolada, respostas em até 70% dos pacientes pode ser documentada, inclusive após a falha a diversos outros regimes de tratamento”, afirma Tabak.
Segundo o especialista, a duração mediana de resposta ultrapassa 17 meses e a sobrevida livre de progressão pode superar os 24 meses. "Quando associado ao rituximabe, respostas completas foram documentadas em mais de 40% dos pacientes", explica.
O perfil de segurança também favoreceu o uso de ibrutinibe. Eventos adversos grau 3 ou superior foram observados em 94 (68%) dos pacientes tratados com ibrutinibe e em 121 (87%) dos que receberam temsirolimus. Menos pacientes descontinuaram o tratamento no braço ibrutinibe (9 [6%]vs 36 [26%]). Mesmo na dose recomendada de 560 mg por dia, superior portanto à dose utilizada no tratamento da leucemia linfocítica crônica, os efeitos tóxicos foram bem limitados", acrescenta Tabak.
Em 2015, ibrutinibe recebeu aprovação da Anvisa para o tratamento de leucemia linfocítica crônica/linfoma linfocítico de pequenas células (LLC/LLPC). Agora, estendeu sua indicação também para pacientes de linfoma de células do manto.
ClinicalTrials.gov: NCT01646021.
Referência: Ibrutinib versus temsirolimus in patients with relapsed or refractory mantle-cell lymphoma: an international, randomised, open-label, phase 3 study. - Dreyling Met al - Lancet. 2016 Feb 20;387(10020):770-8. doi: 10.1016/S0140-6736(15)00667-4. Epub 2015 Dec 7.