Estudo do Hospital do Amor (Hospital de Câncer de Barretos) identificou subtipos-específicos de perfis moleculares de microRNAs livres de células adequados para detecção precoce de câncer de mama. A pesquisadora Marcia Marques (foto), coordenadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq) do Hospital é a primeira autora do trabalho publicado no Journal of Oncology.
A detecção precoce é essencial para a redução na mortalidade por câncer de mama. A análise de microRNAs circulantes livres de células presentes no soro de pacientes com câncer emergiu como um novo biomarcador não invasivo promissor para a detecção precoce de tumores e a predição de suas classificações moleculares.
No estudo, cinquenta e quatro tumores de mama em estágio inicial e 27 controles pareados por idade foram selecionados para avaliação de microRNAs circulantes no soro. Os 54 casos foram classificados molecularmente (luminal A, luminal B, luminal B Her2 positivo, Her-2, triplo-negativo). A plataforma NanoString foi utilizada para detecção e quantificação digital de 800 microRNAs alvos, comparando as diferenças globais na expressão sérica de microRNAs em pacientes com câncer de mama com mulheres saudáveis sem risco para o câncer de mama (controles).
“Este é o primeiro estudo utilizando esta metodologia digital a partir de biopsia líquida em mulheres brasileiras e sem câncer de mama”, explica Marcia.
Resultados
Os pesquisadores identificaram os 42 microRNAs circulantes diferencialmente expressos mais significativos (P ≤ 0,05, 1,5 vezes) em cada subtipo molecular para estudo adicional. Desses microRNAs, 19 foram diferencialmente expressos em pacientes com luminal A, oito no luminal B, dez no luminal B HER2-positivo e quatro no subtipo HER2 enriquecido. A área sob a curva (do inglês, area under the curve – AUC) foi alta, com boa sensibilidade e especificidade para um biomarcador.
Para o subtipo triplo-negativo, o miR-25-3p teve a melhor acurácia. A análise preditiva dos alvos de mRNA sugere que eles codificam proteínas envolvidas em vias moleculares como a adesão celular, migração e proliferação.
O estudo identificou assinaturas de microRNAs com potencial biomarcador subtipo-específicos a partir de biopsia liquida para detecção precoce de câncer de mama, quando comparados com o perfil de expressao de microRNAs no soro de mulheres sem risco aparente para o câncer de mama.
“Esse perfil molecular deve ser validado usando estudos de coorte maiores para confirmar o potencial desses miRNAs para uso futuro como biomarcadores de detecção precoce, o que poderia evitar biópsias desnecessárias em pacientes com suspeita de câncer de mama”, observam os autores.
Referência: Identification of Cell-Free Circulating MicroRNAs for the Detection of Early Breast Cancer and Molecular Subtyping - Karen C. B. Souza, Adriane F. Evangelista, Letícia F. Leal, Cristiano P. Souza, René A. Vieira, Rhafaela L. Causin, A. C. Neuber, Daniele P. Pessoa, Geraldo A. S. Passos, Rui M. V. Reis, e Marcia M. C. Marques - Journal of Oncology - Volume 2019, Article ID 8393769 - https://doi.org/10.1155/2019/8393769