O tratamento adjuvante com gefitinibe não prolongou a sobrevida global e a sobrevida livre de doença em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) com mutação EGFR, em comparação com o tratamento com cisplatina mais vinorelbina nessa população. É o que reportam Tada et al em artigo publicado 2 de novembro no Journal of Clinical Oncology (JCO).
Este ensaio clínico randomizado de Fase III (IMPACT) considerou pacientes com CPCNP completamente ressecados, com doença estágio II-III e mutações EGFR, inscritos de setembro de 2011 a dezembro de 2015. Os pacientes foram randomizados para receber gefitinibe (250 mg uma vez ao dia) por 24 meses, ou cisplatina (80 mg / m2 no dia 1) mais vinorelbina (25 mg / m2 nos dias 1 e 8 ; cis / vin) uma vez a cada 3 semanas por quatro ciclos. O endpoint primário foi a sobrevida livre de doença (DFS, do inglês disease free survival).
Resultados
Nos 232 pacientes elegíveis (n=116 em cada braço de análise), a DFS mediana foi de 35,9 e 25,1 meses nos grupos gefitinibe e cis / vin, respectivamente. No entanto, os autores descrevem que as curvas de Kaplan-Meier se cruzaram cerca de 4 anos após a cirurgia, sem diferença estatisticamente significativa (log-rank estratificado P = 0,63; razão de risco pelo modelo estratificado de riscos proporcionais de Cox = 0,92; IC 95%, 0,67-1,28). Tada e colegas também destacam que não houve diferença na sobrevida global (SG, log-rank estratificado P = 0,89; razão de risco = 1,03; IC de 95%, 0,65 a 1,65), com taxas de SG em 5 anos de 78,0% e 74,6% no grupo gefitinibe e nos grupos cis / vin, respectivamente. As mortes relacionadas ao tratamento ocorreram em 0 e três pacientes nos grupos gefitinibe e cis / vin, respectivamente.
“Embora o uso de gefitinibe adjuvante pareça prevenir a recaída precoce, ele não prolongou a sobrevida livre de doença ou sobrevida global. No entanto, taxas semelhantes de DFS e SG podem justificar gefitinibe adjuvante em pacientes selecionados, especialmente aqueles considerados inelegíveis para terapia adjuvante com doublet de platina”, concluem os autores, lembrando que este não foi um estudo de não-inferioridade.
Referência: DOI: 10.1200/JCO.21.01729 Journal of Clinical Oncology - Published online November 02, 2021.