Onconews - Imunoterapia no câncer de mama

MAX MANO 2018 NET OKO estudo de fase Ib KEYNOTE-028 mostrou resultados promissores em pacientes com câncer de mama politratadas, com uma reposta global modesta, mas aparentando ser mais duradoura do que com tratamentos quimioterápicos convencionais. “Os resultados do KEYNOTE-028 contrastam com taxas bem mais atraentes quando o pembrolizumabe é utilizado em primeira linha (ORR 23%; KEYNOTE086, S. Adams et al, ASCO 2017). Em conjunto, estes dados parecem indicar que o uso mais precoce da imunoterapia será o caminho a ser seguido. No momento, apesar de interessantes, os dados clínicos não justificam o emprego de imunoterapia como tratamento de resgate para pacientes com câncer de mama com falha a tratamentos prévios, exceto no contexto de um estudo clínico”, afirma o oncologista Max Mano (foto), coordenador de pesquisa clínica do Hospital Sírio-Libanês.

Pacientes com câncer de mama avançado ER + / HER2- com tumores PD-L1 positivos (> 1%) receberam pembrolizumabe (10 mg/kg a cada 2 semanas) por até 2 anos ou progressão confirmada / toxicidade intolerável. Os endpoints primários foram segurança e taxa de resposta global (ORR), com base nos Critérios de Avaliação de Resposta em Tumores Sólidos (RECIST v1.1).

Entre abril de 2014 e janeiro de 2015, foram inscritas 25 pacientes, com mediana de 9 terapias anteriores (variação de 3 a 15). Em um acompanhamento mediano foi de 9,7 meses (variação: 0,7 a 31,8 meses), 3 pacientes apresentaram resposta parcial e nenhuma apresentou resposta completa, resultando em 12% de resposta global (IC95%, 2,5% -31,2%); 16% dos pacientes tinham doença estável e a taxa de benefício clínico foi de 20% (IC95%, 7-41). A duração mediana da resposta foi de 12,0 meses (variação de 7,4 a 15,9 meses).

Em relação ao perfil de segurança, a incidência de eventos adversos relacionados ao tratamento foi de 64%; náuseas (20%) e fadiga (12%) foram mais comuns e foram predominantemente grau 1/2. Não houve descontinuação ou mortes relacionadas ao tratamento.

Neste estudo inicial, o anti PD-1 foi bem tolerado e mostrou resposta global modesta, mas duradoura em algumas pacientes com câncer de mama ER + / HER2 positivo, PD-L1 positivo, previamente tratadas.

“A imunoterapia tem se mostrado revolucionária em alguns tipos de câncer, mas ainda não temos dados seguros que a mesma história se repetirá em câncer de mama. O efeito destes tratamentos em tumores de perfil luminal (ER+, Her2-) é bastante modesto, de forma que o desenvolvimento da imunoterapia neste perfil foi abandonado por praticamente todas as empresas farmacêuticas. Em tumores Her2 positivos, ainda temos poucos dados sobre o efeito destas drogas”, explica Max Mano.

Segundo o oncologista, o perfil de maior interesse, portanto, é mesmo a doença triplo negativa. “No estudo I-SPY2, por exemplo (em neoadjuvancia), o pembrolizumabe aumentou a taxa de resposta patológica completa estimada de 20% (quimioterapia padrão) para 60% (quimioterapia + pembrolizumabe), indicando uma alta probabilidade que um eventual estudo fase III venha a ser positivo (ASCO 2017, abstract 506). Recentemente, a Genentech anunciou que seu estudo IMpassion130 (atezolizumab + Abraxane) atingiu seu desfecho primário, mas os resultados ainda não foram publicamente apresentados”, diz.

Referências: Clin Cancer Res June 15 2018 (24) (12) 2804-2811; DOI: 10.1158/1078-0432.CCR-17-3452