Um teste não invasivo e de baixo custo pode detectar o câncer oral, monitorar lesões pré-cancerosas e determinar quando uma biópsia é necessária, aponta pesquisa publicada online em 4 de março na Cell Reports Medicine.
Neste estudo, Weinberg e colegas utilizaram um sistema de pontuação baseado em duas proteínas: a beta defensina 3 humana ou hBD-3, que é expressa em níveis elevados no câncer oral em estágio inicial, enquanto a segunda (hBD-2) é baixa ou inalterada. A proporção de hBD-3 para hBD-2 no local da lesão – em relação à proporção das duas proteínas no local normal oposto – gera uma pontuação, chamada índice de beta defensina (BDI).
Uma pontuação de BDI acima de um limite predeterminado implica câncer, uma abordagem que pode ser rotineiramente feita em laboratório. Para confirmar esses achados, o BDI foi validado de forma independente usando protocolos idênticos no Centro Médico da Universidade de Cincinnati e na Faculdade de Odontologia da Universidade de West Virginia. O estudo de validação revelou sensibilidade e especificidade de 98,2% (95% confidence interval [CI] 90,3–99,9) e 82,6% (95% CI 68.6–92.2), respectivamente.
“Identificamos que hBD-3 não estava apenas promovendo o crescimento do tumor, mas também estava superexpresso nos estágios iniciais da doença, enquanto o hBD-2 não estava mudando. Esta diferença nos níveis de expressão das duas proteínas no mesmo paciente nos levou a examinar a capacidade da pontuação BDI de distinguir o câncer de lesões benignas”, disse Weinberg. A abordagem foi patenteada e, segundo os pesquisadores, pode reduzir em 95% as biópsias em clínicas de cuidados primários.
O câncer oral representa cerca de 90% dos casos de câncer de cabeça e pescoço (CCP) e tem incidência crescente nos países pobres e em desenvolvimento.
Os dados positivos dessa abordagem baseada em laboratório inspiraram o desenvolvimento de um dispositivo point-of-care (POC) que mede a proporção de proteínas e pode ser usado diretamente na prática clínica, fornecendo resultados em meia hora.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência: DOI:https://doi.org/10.1016/j.xcrm.2024.1014