Pesquisadores do MD Anderson Cancer Center encontraram uma associação entre o índice glicêmico e o aumento do risco de câncer de pulmão em brancos não-hispânicos, especialmente entre aqueles que nunca fumaram. O estudo foi publicado na Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention e os resultados fornecem evidências de que a dieta, de forma independente ou em combinação com outros fatores de risco, tem impacto na etiologia do câncer de pulmão.
No estudo, Xifeng Wu e colegas estratificaram os indivíduos em quintis, com base no índice glicêmico (IG). Os resultados mostram que aqueles localizados no quintil mais alto, que comeram alimentos com maior IG, tiveram risco 49% maior de desenvolver câncer de pulmão, risco que foi 92% maior para o carcinoma de células escamosas. No quintil superior, os que nunca fumaram tiveram mais que o dobro da probabilidade de desenvolver a doença.
Para os pesquisadores, o trabalho tem impacto imediato. Estudos anteriores investigaram a associação entre o índice glicêmico e certos tipos de câncer, incluindo tumores de estômago, pâncreas e colorretal, mas poucos trabalhos se dedicaram a pesquisar a associação entre IG e câncer de pulmão. "Os resultados deste estudo sugerem que, além de manter estilos de vida saudáveis, reduzir o consumo de alimentos e bebidas com alto índice glicêmico pode diminuir o risco de câncer de pulmão", disse Wu.
Método
Wu e colegas selecionaram 4.318 indivíduos (1905 casos; 2.413 controle), brancos, não-hispânicos, assintomáticos, recém diagnosticados com câncer de pulmão.
A análise de risco foi ajustada por idade, gênero, escolaridade e estilo de vida, em uma avaliação que considerou o Índice de Massa Corporal, assim como a presença ou não do tabagismo. Outro importante indicador avaliado pelos pesquisadores foi a chamada estimativa do equivalente metabólico, calculada de acordo com o gasto energético de cada indivíduo, em uma análise que considerou uma variedade de esportes ativos e exercícios físicos.
Entrevistas individuais foram realizadas para determinar o histórico de saúde, assim como o comportamento alimentar, incluindo a frequência de alimentos e o tamanho da porção ingerida. Valores de IG foram atribuídos a cada alimento e ao final da avaliação os pesquisadores agruparam os indivíduos em quintis, de acordo com os dados obtidos.
Ao atribui um valor indexado a cada alimento, o Índice Glicêmico mostra como o tipo e a quantidade de carboidratos ingeridos afetam os níveis de glicose no sangue. Como resposta à elevação dos níveis de glicose no sangue, o organismo aciona os receptores de insulina que ativam a sinalização celular, o que sugere que concentrações elevadas de insulina mantidas de forma crônica podem influenciar o risco de câncer, desempenhando um papel crítico na regulação da proliferação e diferenciação celular.
A despeito das limitações deste estudo retrospectivo, Wu e colegas concluíram que o índice glicêmico foi positivamente associado com um risco ampliado para câncer de pulmão e deve ser considerado em estratégias de prevenção. Novas pesquisas são necessárias para examinar se mudanças na dieta têm um efeito sobre biomarcadores relacionados ao câncer e se a associação entre IG e câncer de pulmão pode ser verificada também em outros grupos raciais e étnicos.
O estudo teve o apoio da American Association for Cancer Research.
Referência: Glycemic Index, Glycemic Load and Lung Cancer Risk in Non-Hispanic Whites - Stephanie C. Melkonian, Carrie R. Daniel, Yuanqing Ye, Jeanne A. Pierzynski, Jack A. Roth e Xifeng Wuc - Cancer Epidemiol Biomarkers Prev; 25(3) March 2016