Onconews - iNDUCT: durvalumabe neoadjuvante no câncer urotelial de alto risco

Após a nefroureterectomia radical para carcinoma urotelial do trato superior, o prognóstico é ruim para pacientes de alto risco. Embora não tenha atingido o desfecho primário em nenhuma das coortes, o estudo iNDUCT mostrou que a combinação de durvalumabe e quimioterapia à base de platina, especialmente cisplatina, apresentou resultados promissores nessa população de pacientes em termos de downstaging, com bom perfil de segurança e sem aumentar o risco cirúrgico.

Neste  estudo de fase II (NCT04617756), o objetivo foi avaliar a segurança e eficácia da quimioterapia neoadjuvante (cisplatina ou carboplatina + gemcitabina) em combinação com durvalumabe em pacientes com carcinoma urotelial do trato superior (UTUC) de alto risco. Foram incluídos pacientes com UTUC não metastático de alto grau, com base na biópsia ureteroscópica ou citologia de urina e/ou aspecto infiltrativo da pelve renal/parede ureteral por imagem de TC.

Antes da RNU, os pacientes elegíveis receberam durvalumabe mais gemcitabina/cisplatina (coorte 1) ou durvalumabe mais gemcitabina/carboplatina (coorte 2) a cada 3 semanas por um total de quatro ciclos (escolha da coorte com base na taxa de filtração glomerular). O desfecho primário foi a taxa de resposta patológica completa (ypT0) em cada coorte.

Cinquenta pacientes foram inscritos entre 2021 e 2024 (31 na coorte 1; 19 na coorte 2), com idade média de 68 anos (variação de 38 a 79), 59%  homens. Os resultados relatados no Journal of Clinical Oncology por Nadine Houédé mostram que 45 pacientes receberam 4 ciclos de tratamento, três pacientes 3 ciclos e um paciente recebeu 2 ciclos. Cinco pacientes mudaram para carboplatina durante o tratamento. Na cirurgia (n = 45 pacientes), as taxas de pT0 foram de 13% (4/29) na coorte 1 e de 5% (1/19) na coorte 2. Na coorte 1, um total de 50% dos pacientes (15/29) eram pTa /pT1, enquanto na coorte 2 esse percentual foi de 42% (8/19).

 A análise de segurança revela que nenhuma toxicidade grave mediada por imunoterapia foi observada. Quatro pacientes apresentaram neutropenia grau 3 relacionada à quimioterapia, um grau 4; um paciente apresentou trombopenia grau 3, um grau 4; quatro pacientes apresentaram anemia grau 3.

“Embora nosso estudo negativo não tenha atingido seu desfecho primário em nenhuma das coortes, a combinação de durvalumabe e quimioterapia à base de platina, especialmente cisplatina, mostrou resultados promissores em termos de downstaging”, destacam os autores, acrescentando que essa estratégia neoadjuvante não aumentou o risco cirúrgico e mostrou bom perfil de segurança.

Referência:

Nadine Houédé et al., Safety and efficacy of neoadjuvant durvalumab plus gemcitabine/cisplatin or carboplatin in patients with operable high-risk upper tract urothelial carcinoma: the iNDUCT trial. JCO 0, 10.1200/JCO-25-00179. DOI:10.1200/JCO-25-00179