Mais da metade dos novos medicamentos que ingressaram no sistema de saúde alemão não demonstrou benefícios clínicos. Em artigo no British Medical Journal (BMJ), Beate Wieseler e colegas argumentam que os processos e políticas internacionais de desenvolvimento de medicamentos são responsáveis pelo cenário atual e devem ser reformados.
Wieseler e colegas observam que agências reguladoras de todo o mundo estão em busca de estratégias destinadas a acelerar o desenvolvimento e a aprovação de medicamentos. “Essas abordagens baseiam-se na suposição de que o acesso mais rápido a novos medicamentos beneficia os pacientes. A retórica da inovação cria a suposição de que novos produtos são melhores que os existentes”, argumentam os autores.
Mas os resultados estão longe de corroborar as expectativas. A análise publicada no BMJ descreve que em janeiro de 2011, a Alemanha reformulou o modelo de avaliação de benefícios de medicamentos novos (Frühe Nutzenbewertung), com o objetivo de determinar seu real impacto em relação ao tratamento padrão. Agora, os resultados mostram que a carga de inovação decepcionou, com “nenhuma evidência de benefício adicional para a maioria dos novos medicamentos”, concluiu a agência alemã.
Para os autores, não chega a surpreender. “Evidências desde a década de 1970 sugerem que apenas um número limitado de novos medicamentos oferece avanços reais em relação aos medicamentos já existentes. ” A maioria dos estudos coloca a proporção de inovação real em menos de 15%, sem melhora clara ao longo do tempo”, apontam os autores.
Referência: BMJ 2019;366:l4340