Onconews - Isa-KRd no mieloma múltiplo de alto risco recém-diagnosticado

marcelo capraO tratamento com isatuximabe, carfilzomibe, lenalidomida e dexametasona (Isa-KRd) conferiu altas taxas de negatividade sustentável de doença residual mínima em pacientes com mieloma múltiplo de alto risco recém-diagnosticado, independentemente do status do transplante. A análise interina do estudo de Fase 2 GMMG-CONCEPT foi publicada no Jounal of Clinical Oncology (JCO). "São resultados muito importantes para essa população de pacientes de difícil tratamento", afirma o hematologista Marcelo Capra (foto).

O estudo multicêntrico de Fase 2 GMMG-CONCEPT investigou isatuximabe, carfilzomibe, lenalidomida e dexametasona (Isa-KRd) em pacientes com mieloma múltiplo recém-diagnosticado (NDMM) elegíveis para transplante (TE) e não elegíveis para transplante (TNE) com doença exclusivamente de alto risco para os quais ensaios prospectivos são limitados. O objetivo foi avaliar a negatividade para doença residual mínima (DRM).

O estudo incluiu pacientes com mieloma múltiplo recém-diagnosticado de alto risco, definido pelo International Staging System estágio II/III combinado com del17p, t(4;14), t(14;16), ou mais de três cópias 1q21 como aberrações citogenéticas de alto risco (HRCAs). Os pacientes receberam indução/consolidação com Isa-KRd e manutenção com Isa-KR.

Pacientes elegíveis para transplante receberam altas doses de melfalano. Os pacientes não elegíveis para transplante receberam dois ciclos adicionais de Isa-KRd após a indução. Esta análise interina (IA) pré-especificada relatou o desfecho primário, negatividade da doença residual mínima (<10−5, next-generation flow), no final da consolidação. O desfecho secundário foi a sobrevida livre de progressão (SLP).

Resultados

Entre 125 pacientes com mieloma múltiplo recém-diagnosticado de alto risco (TE–intenção de tratar [ITT]-IA, 99; TNE-ITT, 26) da população da análise interina para o desfecho primário, a mediana de idade foi de 58 anos (TE-ITT-IA) e 74 (TNE-ITT). Del17p foi a HRCA mais comum (TE, 44,4%; TNE, 42,3%); cerca de um terço dos pacientes avaliáveis com TE/TNE apresentaram duas ou mais HRCAs, respectivamente.

O estudo atingiu seu desfecho primário com taxas de negatividade de doença residual mínima após consolidação de 67,7% para pacientes elegíveis para transplante e 54,2% para aqueles não elegíveis para transplante. Oitenta e um dos 99 pacientes com TE-ITT-IA atingiram a negatividade da MRD em qualquer momento (81,8%). A negatividade da MRD foi mantida por ≥1 ano em 62,6% dos pacientes. Com uma mediana de acompanhamento de 44 (TE) e 33 (TNE) meses, a mediana de sobrevida livre de progressão não foi alcançada em nenhum dos braços.

“Isa-KRd induz efetivamente altas taxas de negatividade sustentável de doença residual mínima na população com mieloma múltiplo de alto risco recém-diagnosticado, independentemente do status do transplante, o que se traduziu em uma mediana de sobrevida livre de progressão ainda não alcançada após 44/33 meses”, concluíram os autores.

“É um estudo muito interessante e importante para essa população de pacientes com mieloma múltiplo de alto risco, independente se é candidato ou não ao transplante. O estudo mostrou uma alta taxa de resposta com doença residual mínima negativa em ambas as populações, o que é um dado muito esperado, se a terapia com 4 drogas, contendo os anticorpos monoclonais, os imunomoduladores e os inibidores de proteossoma mais a dexametasona são eficazes em induzir remissões longas nessa população”, avalia Capra.

Referência: Isatuximab, Carfilzomib, Lenalidomide, and Dexamethasone for the Treatment of High-Risk Newly Diagnosed Multiple Myeloma. DOI: 10.1200/JCO.23.01696 Journal of Clinical Oncology. Published online September 27, 2023. PMID: 37753960