Estudo brasileiro publicado na The Breast avaliou a taxa de resposta patológica completa (pCR) em pacientes que receberam quimioterapia neoadjuvante para o tratamento de câncer de mama em uma coorte multicêntrica no Brasil. O mastologista Marcelo Antonini (foto) é o primeiro autor do trabalho.
O estudo de coorte retrospectivo e multicêntrico incluiu mulheres com mais de 18 anos de idade diagnosticadas com câncer de mama não metastático e tratadas com quimioterapia neoadjuvante (NAC). A sobrevida global (SG) e sobrevida livre de doença (SLD) em cinco anos foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier. “Além disso, conduzimos uma análise multivariada para identificar fatores que estavam significativamente associados com a resposta patológica completa e sobrevida global”, esclarecem os autores.
Resultados
Entre 2011 e 2020, 1.891 pacientes foram incluídas no estudo e 421 (22,3%) alcançaram pCR (ypT0 ypN0). Considerando a presença de carcinoma ductal in situ (CDIS) residual, a resposta patológica completa foi alcançada em 467 pacientes (23,5%). A taxa de pCR variou entre os subtipos HER2+ (p = 0,016) e estádio clínico IIIA e IIIB (p < 0,001).
Entre as pacientes HER2+, aquelas que receberam trastuzumabe tiveram uma taxa de pCR significativamente maior em comparação com as pacientes que não receberam o medicamento (p < 0,0001). Da mesma forma, pacientes com câncer de mama triplo negativo que receberam tratamento com regimes à base de platina também apresentaram taxas mais altas de pCR (p < 0,0001). A sobrevida global foi agrupada de acordo com o status pCR, e a taxa de SG foi de 88,3% no grupo pCR e 58,1% no grupo sem pCR (p < 0,0001). A sobrevida livre de doença em cinco anos foi de 92,2% no grupo pCR e 64,3% no grupo não pCR (p < 0,0001).
“A taxa de resposta patológica completa e seu valor prognóstico variaram entre os subtipos de câncer de mama. Em nosso estudo, a pCR poderia ser usada como surrogate de desfecho clínico favorável, pois foi associado a taxas mais altas de sobrevida global e sobrevida livre de doença”, destacaram os autores.
“As taxas de resposta patológica completa em um estudo de mundo real demonstraram semelhança nas pacientes luminais e nas pacientes HER2 e triplo-negativo quando utilizado trastuzumabe e platina, respectivamente. Garantir o acesso aos tratamentos adequados é fundamental. A pCR em um estudo de mundo real demonstrou ser um fator prognóstico importante, assim como demonstrado nos ensaios clínicos”, conclui Antonini.
Referência: Antonini M, Mattar A, Bauk Richter FG, Pannain GD, Teixeira MD, Amorim AG, Ferraro O, Guedes Lopes RC, Gebrim LH, Real JM. Real-world evidence of neoadjuvant chemotherapy for breast cancer treatment in a Brazilian multicenter cohort: Correlation of pathological complete response with overall survival. Breast. 2023 Sep 14;72:103577. doi: 10.1016/j.breast.2023.103577. Epub ahead of print. PMID: 37722319; PMCID: PMC10509346.
