O anti-PD-1 pembrolizumabe (Keytruda®, MSD) não demonstrou superioridade em comparação com a quimioterapia (cisplatina e 5-fluorouracil ou capecitabina) no tratamento de primeira linha do adenocarcinoma gástrico ou de junção gastroesofágica avançado (GEJ). Os resultados da análise final do estudo pivotal de fase 3 KEYNOTE-062 serão apresentados em sessão oral na ASCO 2019, em Chicago, no dia 02 de junho.
O KEYNOTE-062 é um estudo de fase 3 randomizado (ClinicalTrials.gov, NCT02494583) avaliando pembrolizumabe como monoterapia e em combinação com quimioterapia como tratamento de primeira linha em pacientes com adenocarcinoma gástrico avançado ou GEJ cujos tumores expressam PD-L1 e são HER2-negativo.
Os endpoints primários foram sobrevida global (SG) em pacientes cujos tumores expressam PD-L1 (CPS≥1 e CPS ≥10) com pembrolizumabe em monoterapia e em combinação com quimioterapia, e sobrevida livre de progressão (SLP) em pacientes cujos tumores expressam PD-L1 (CPS ≥1) para o braço combinado. Os principais desfechos secundários incluíram taxa de resposta global (ORR) e duração da resposta (DOR) em pacientes cujos tumores expressam PD-L1 (CPS ≥1).
No estudo, 763 pacientes foram randomizados para um dos três grupos de tratamento: monoterapia com pembrolizumabe (dose fixa de 200 mg a cada três semanas); pembrolizumabe (200 mg em dose fixa a cada três semanas) mais cisplatina (80 mg/m2 a cada três semanas) e 5-fluorouracil (800 mg/m2 em um dia nos dias 1-5 a cada três semanas) ou capecitabina (1.000 mg/m2 duas vezes um dia nos dias 1-14 a cada três semanas); ou placebo (a cada três semanas) mais cisplatina (80 mg/m2 a cada três semanas) e 5-fluorouracil (800 mg/m2 uma vez ao dia nos dias 1-5 a cada três semanas) ou capecitabina (1000 mg/m2 duas vezes ao dia nos dias 1-14 a cada três semanas). O tratamento continuou até a progressão da doença ou toxicidade inaceitável.
No braço de monoterapia, o pembrolizumabe atingiu o endpoint primário ao demonstrar a não inferioridade à quimioterapia, o padrão atual de tratamento, para a sobrevida global (SG) em toda a população de pacientes intention-to-treat (ITT) cujos tumores expressaram PD-L1 (CPS ≥1).
No braço de combinação do KEYNOTE-062, pembrolizumabe mais quimioterapia não foi considerada superior para sobrevida global (CPS ≥1 ou CPS ≥10) ou sobrevida livre de progressão (CPS ≥1) comparada com quimioterapia isolada. O perfil de segurança de pembrolizumabe foi consistente com o observado anteriormente no câncer gástrico.
Em setembro de 2017, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou pembrolizumabe como tratamento de terceira linha para pacientes com câncer gástrico previamente tratados que apresentaram recidiva localmente avançada ou metastática, ou câncer da junção gastroesofágica cujos tumores expressam PD-L1 (CPS ≥1), conforme determinado por um teste aprovado pela FDA, com progressão da doença após duas ou mais linhas anteriores de terapia, incluindo quimioterapia contendo fluoropirimidina e platina e, se apropriado, terapia-alvo HER2/neu.
No Brasil, o pembrolizumabe também foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no tratamento do câncer gástrico avançado ou metastático ou no câncer de junção gastroesofágica (GEJ) em pacientes com expressão de PD-L1 ≥ 1% e que progrediram a pelo menos duas linhas de tratamento anteriores. A indicação foi baseada no estudo de fase II Keynote-059.
O KEYNOTE-062 é um potencial teste confirmatório para essa aprovação acelerada de terceira linha. Um estudo anterior de fase 3 (KEYNOTE-061) avaliando pembrolizumabe como tratamento em segunda linha para o câncer gástrico também falhou em mostrar benefício de sobrevida. Os resultados completos do KEYNOTE-062 serão apresentados no Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO 2019), em Chicago.