Onconews - Limitação no fornecimento da BCG para tratamento do câncer de bexiga

Bexiga.jpgA Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alertam que poderá ocorrer limitação para o uso da BCG intravesical até março. Segundo comunicado da Fundação Ataulpho de Paiva, que fornece a BCG para o tratamento do câncer de bexiga no Brasil, devido à grande demanda para o tratamento de pacientes em recidiva de câncer de bexiga em 2015, a produção de janeiro e fevereiro não acompanhará o aumento na demanda.

"Para tratar o câncer de bexiga, a imunoterapia com a BCG é aplicada com soro diretamente na bexiga através de um cateter e gera uma reação imunológica que diminui as chances de recorrência e progressão do tumor. As células do sistema imunológico são atraídas para a bexiga e ativadas pela BCG, que por sua vez afeta as células do câncer de bexiga. Atualmente esse é o tratamento padrão em todo o mundo”, explica o urologista Lucas Nogueira, diretor da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). “O tratamento com BCG é indicado para pacientes com câncer de bexiga de alto grau. Dependendo do estágio e do tipo histológico, a redução de recorrência é de 20% a 50%”, acrescenta.
 
Segundo Nogueira, esse não é um fenômeno essencialmente brasileiro. “Estive no congresso da Sociedade Americana de Uro-Oncologia, mês passado, e esta discussão estava em pauta. Existe, sim, um aumento de demanda, o diagnóstico tem aumentado e a partir do momento em que as pessoas aderem ao protocolo, aumenta a demanda pelo produto. O que acontece é que a produção não está conseguindo acompanhar esse aumento”, diz.
 
O oncologista Gustavo Fernandes, presidente da SBOC, comenta que o uso da instilação intravesical de BCG (Bacilo Calmette-Guerin) é indicado pela SBOC, SBU e inúmeras sociedades médicas com o objetivo de reduzir o risco de recidiva e/ou progressão do câncer de bexiga. "Inúmeros estudos randomizados e meta-análises demonstraram que o uso do BCG intravesical reduz o risco de recidiva quando comparado à quimioterapia intravesical com mitomicina ou epirubicina".
 
Nogueira explica que essas alternativas são eficazes na doença de baixo risco, mas apresentam uma eficácia consideravelmente menor que a BCG no alto risco. “São alternativas que ainda assim apresentam uma resposta. Essas alternativas propostas pelas Sociedades são exatamente o que foi discutido no congresso norte-americano”, afirma.