Destacado em Sessão Plenária no congresso anual da European Association of Urology (EAU), em apresentação de Seth Lerner, do Baylor College of Medicine, o estudo de fase III SWOG S1011 não mostrou benefício de sobrevida livre de doença ou sobrevida global para linfadenectomia estendida em comparação com linfadenectomia pélvica padrão em pacientes com carcinoma urotelial músculo-invasivo tratados com cistectomia radical. O urologista Gustavo Franco Carvalhal (foto) comenta os resultados.
Neste estudo (NCT01224665), o objetivo foi comparar a sobrevida livre de doença (SLD) em pacientes submetidos à cistectomia radical para carcinoma urotelial músculo-invasivo tratados com linfadenectomia estendida (eLND) ou linfadenectomia pélvica. padrão.
Os resultados apresentados na EAU 2024 mostram que os pacientes submetidos à cistectomia radical e eLND apresentaram maior rendimento de linfonodos, mas estágio T patológico semelhante. A eLND foi associada a um maior número mediano de linfonodos positivos entre pacientes N+ e maior estágio N3. Não houve benefício de SLD ou de sobrevida global para eLND em comparação com pacientes submetidos à linfadenectomia pélvica padrão.
A análise do SWOG S1011 revelou que a linfadenectomia pélvica padrão foi associada a maior recorrência pélvica local em pacientes N+, enquanto a linfadenectomia estendida foi associada a maior morbidade e maior mortalidade perioperatória, tempo de cirurgia mais longo, maior perda sanguínea, maior número de eventos de progressão em 90 dias e maior taxa de TEV.
O padrão de tratamento baseado nos ensaios SWOG S1011 e LEA é a linfadenectomia padrão bilateral para pacientes com câncer urotelial cT2-4a/NO-2.
O estudo em contexto
Por Gustavo Franco Carvalhal, professor da ESMED/PUCRS, cirurgião robótico do HMV/Porto Alegre, membro do LACOG-GU
Neste último Congresso da EAU (Associação Europeia de Urologia), o Dr. Seth Lerner apresentou resultados do protocolo de pesquisa SWOG1011, que comparava linfadenectomia pélvica padrão (linfonodos ilíacos externos e internos, fossa obturadora) versus linfadenectomia pélvica estendida (padrão + linfonodos pré-sacrais, ilíacos comuns e periaorto-cavais, até a altura da veia mesentérica inferior) em pacientes com carcinoma músculo-invasivo de bexiga submetidos a cistectomia radical e linfadenectomia. Existem dúvidas na literatura sobre os limites ideais da linfadenectomia pélvica neste cenário.
A presença de metástases em linfonodos pélvicos geralmente indica um prognóstico ruim nos pacientes submetidos à cirurgia, e há dúvidas quanto à relevância das linfadenectomias neste cenário: somente estadiadoras, com papel prognóstico ou potencialmente curativas, uma vez que cerca de 15-20% dos pacientes com metástases linfonodais podem apresentar sobrevida longa e potencialmente estarem curados.
Os achados do estudo comparativo randomizado (618 pacientes) não mostraram nenhum benefício clínico considerável da linfadenectomia pélvica estendida, somente uma redução na incidência de recidivas pélvicas, sem qualquer impacto na sobrevida câncer específica ou sobrevida geral. Houve, contudo, um aumento nas complicações cirúrgicas, principalmente sangramento transoperatório e linfoceles. A conclusão dos autores é de que devemos manter os limites da linfadenectomia pélvica convencional em cistectomias radicais.