Resultados de estudo realizado nos Estados Unidos com mais de 3 mil mulheres podem ajudar a educar médicos e pacientes sobre a prevenção e gestão de linfedema após o tratamento do câncer de mama. O trabalho foi publicado na edição de março do Journal of Clinical Oncology. O estudo avaliou uma coorte de pacientes em tratamento de câncer de mama para investigar a associação entre o volume do braço e leituras de pressão arterial, injeções e exames de coleta de sangue no braço ipsilateral, além de investigar a associação entre viagens aéreas e linfedema.
Métodos
Entre 2005 e 2014, pacientes em tratamento de câncer de mama no Massachusetts General Hospital foram selecionados prospectivamente para avaliação de linfedema. Medições bilaterais de volume do braço foram realizadas no pré e pós-operatório, utilizando um pedômetro. Em cada medição, os pacientes relataram o número de exames de sangue realizados no braço ipsilateral, assim como o número de injeções e medidas de pressão arterial. Viagens aéreas realizadas no período também foram reportadas e consideradas na avaliação de risco de linfedema.
Resultados
Em 3.041 medições não houve associação significativa entre a variação do volume relativo do braço em mulheres que realizaram um ou mais exames de sangue (P = 0,62) ou receberam injeções (P = 0,77) no braço ipsilateral. Entre as mulheres que realizaram viagens aéreas, o número de vôos (um ou dois [ P = 0,77] e três ou mais [P = 0,91] versus nenhum) ou a duração (1 a 12 horas [P = 0,43] e 12 horas ou mais [P = 0,54] vs nenhum) também não demonstrou associação positiva com a presença de linfedema.
Pela análise multivariada, os fatores significativamente associados ao aumento do volume do braço foram índice de massa corporal ≥ 25 (P = 0,0236), dissecção de linfonodos axilares (P <.001), irradiação dos linfonodos regionais (P = 0,0364) e celulite (P <0,001).
Em conclusão, o estudo sugere que embora a celulite aumente o risco de linfedema, a coleta de exames de sangue no membro ipsilateral não foi positivamente associada à presença de linfedema, assim como injeções e leituras de pressão sanguínea. As viagens aéreas também não foram correlacionadas ao risco de linfedema.
Referência: Impact of Ipsilateral Blood Draws, Injections, Blood Pressure Measurements, and Air Travel on the Risk of Lymphedema for Patients Treated for Breast Cancer - Chantal M. Ferguson, Meyha N. Swaroop, Nora Horick, Melissa N. Skolny, Cynthia L. Miller, Lauren S. Jammallo, Cheryl Brunelle, Jean A. O’Toole, Laura Salama, Michelle C. Specht e Alphonse G. Taghian - JCO Mar 1, 2016:655-658; published online on December 28, 2015;